Operação Haircut. Judiciária faz buscas na sede do Novo Banco e na KPMG

A Polícia Judiciária desencadeou esta quarta-feira uma operação de buscas na sede do Novo Banco e na consultora KPMG, noticiou a CNN Portugal. O DCIAP confirmou que estão em causa suspeitas de crimes de corrupção ativa e passiva no setor privado, de burla qualificada e de branqueamento de capitais.

Joana Raposo Santos, Carlos Santos Neves - RTP /
João Marques - RTP

“No âmbito de inquérito dirigido pelo Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) estão a ser realizadas diversas diligências de busca com vista à identificação e apreensão de meios de prova em domicílios, instalações bancárias, escritório de advogado, sociedade de revisores oficiais de contas e nas sedes de 16 sociedades comerciais”, referiu o DCIAP em comunicado.

Participam nas buscas 14 magistrados do Ministério Público, três magistrados judiciais e uma centena de inspetores e especialistas informáticos da Polícia Judiciária.

“Em causa estão factos suscetíveis de constituírem a prática de crimes de corrupção ativa e passiva no setor privado, de burla qualificada e de branqueamento de capitais, no contexto da venda de ativos do Novo Banco, desde o ano de 2018”, adianta o comunicado.
A Polícia Judiciária confirmou, por sua vez, que está a realizar, através da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC), uma operação na Grande Lisboa “no âmbito de um inquérito dirigido pelo DCIAP”.

A operação “visa a execução de dezenas de mandados de busca e apreensão e de pesquisa informática, em que se investigam factos suscetíveis de consubstanciar a prática dos crimes de corrupção passiva e ativa no setor privado, burla qualificada e branqueamento”.

“Em causa estão suspeitas de terem sido praticadas diversas ilegalidades na venda de ativos imobiliários detidos por uma instituição bancária apoiada financeiramente pelo Estado português, através do Fundo de Resolução, resultando dessas operações avultados prejuízos para o Banco em questão e para os interesses do Estado”, indica a Judiciária.

A KPMG Portugal já confirmou, em comunicado, que "decorrem nos seus escritórios em Lisboa diligências por parte das autoridades judiciais para recolha de informação sobre um dos seus clientes".

"A KPMG Portugal não é visada na operação e continua, como sempre, disponível para colaborar com as autoridades judiciais em tudo o que estiver ao seu alcance", assegura a consultora.
Processo está em segredo de justiça

A CNN Portugal avança ainda que o caso envolve, para além do Novo Banco e da KPMG, o fundo Lone Star.

De acordo com a estação, uma das situações investigada é a venda de uma quinta do Novo Banco no Meco, a herdade da Ferraria, por 1,5 milhões de euros à mulher de um gestor da Lone Star. A propriedade foi vendida como rústica, quando na realidade era uma zona edificável com um valor de mercado muito superior.

A CNN apurou que estão em causa inquéritos antigos que correm no DCIAP e que esta operação de buscas e recolha de documentação pretende o encerramento dos mesmos, com despachos de acusação ou arquivamento.

Segundo o DCIAP, o processo encontra-se em segredo de justiça.

“A UNCC da PJ prosseguirá a investigação, com a realização da subsequente análise aos elementos probatórios recolhidos, visando o apuramento integral de todas as condutas criminosas e a célere conclusão dos inquéritos em apreço”, lê-se no comunicado da PJ.
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