Operação Marquês. Bárbara Vara alega desconhecer transferências

por RTP

Foto: Tiago Petinga, Lusa

O interrogatório da primeira arguida do processo Marquês durou cerca de uma hora e meia. Neste primeiro dia da fase de instrução, Bárbara Vara foi questionada por Ivo Rosa sobre os crimes de branqueamento.

O juiz estranhou que a arguida não tivesse qualquer conhecimento sobre o dinheiro que foi transferido para as "off shores" das quais era beneficiária e titular com o pai, Armando Vara.

Sempre escondida atrás dos advogados, sem abrir a boca, Bárbara Vara remeteu-se ao silêncio cá fora, no dia marcado para ser ouvida.

Dentro da sala de instrução foi confrontada pelo juiz Ivo Rosa com escutas, documentos e transferências bancárias.

A filha de Armando Vara garantiu ao magistrado que nunca desconfiou da origem do dinheiro e que só soube dos montantes em causa quando as contas na Suiça foram congeladas.

O pai seria ouvido esta terça-feira como testemunha. Mas a greve dos guardas prisionais adiou a tomada de declarações para 5 de fevereiro.

O pai é considerado cúmplice num dos crimes de branqueamento de que Bárbara é acusada.

No outro é considerada co-autora, novamente com o pai e outros cinco arguidos.

Desses só estiveram presentes no tribunal central três defesas: a de Carlos Santos Silva, a de Sócrates e a de Diogo Gaspar Ferreira, administrador do empreendimento Vale do Lobo.

Parte dos requerimentos de instrução visam pôr em causa a validade do inquérito. Daí que a decisão de Ivo Rosa possa ter consequências mesmo para os nove arguidos - seis pessoas e três empresas - que preferiram esperar pela ida a julgamento.

Francisco Proença de Carvalho não abriu instrução por aquilo que considerou ser um justo impedimento.

A existência de vírus nas escutas e a possibilidade de o juiz desta fase ser novamente Carlos Alexandre, que validou todos os actos do Ministério Público no inquérito.

Para além de Bárbara, outros quatro arguidos pediram para falar nesta fase. Sócrates, a ex-mulher e o primo e ainda Rui Mão de Ferro que pede ainda para Carlos Santos Silva e a mulher, gonçalo ferreira e Joaquim Barroca prestarem declarações.

No primeiro dia, ninguém antevê a data do fim já que Ivo Rosa ainda tem de agendar interrogatórios a arguidos e inquirições a testemunhas. Ninguém arrisca prognósticos. E para o Ministério Público este é um caso decisivo.

Estas diligências são à porta fechada. Mas enquanto o interrogatório decorria, grupos de comunicação social relataram o que se passava lá dentro, já que há cinco jornalistas que são assistentes no processo.

pub