Operação Obélix. Quatro arguidos e uma médica detida por prescrições irregulares

A Judiciária aponta para um esquema fraudulento de prescrições respeitantes a mil a dois mil clientes. A operação da PJ decorreu em várias cidades do país e foram constituídos quatro arguidos. Uma médica foi detida e esta quinta-feira será apresentada para primeiro interrogatório.

Paulo Alexandre Amaral - RTP /
Foto: Johan Nilsson - TT News Agency via AFP

Em conferência de imprensa, Rui Paulo Zilhão, coordenador de investigação criminal da Polícia Judiciária, indicou que "a Procuradoria do Norte deu cumprimento a vários mandados de busca e apreensão, que decorreram em várias cidades do país", estando a ser investigadas "condutas criminosas de burla qualificada e falsidade informática".

"A investigação já recolheu prova suficiente para indiciar um grupo de pessoas, assim como uma empresa (...) gizou um estratagema para prescrever vária medicação destinada ao tratamento de diabetes tipo2", adiantou.

"Por isso, essas quatro pessoas foram constituídas arguidas e uma delas detida por determinação judicial".

Em relação à forma como decorria o esquema agora desmontado pela Polícia Judiciária, este coordenador da PJ explicou que "a maioria dos clientes desta clínica já trazia uma prescrição para ser aviada na farmácia (...) para nós é importante avaliar se as pessoas padeciam ou não da doença".

A questão prende-se com a prescrição de Ozempic por uma médica que atestava tratar-se de doentes diabéticos para assim poderem usufruir da comparticipação do Estado - até 95 por cento - num medicamento que é caro quando o objetivo era obterem um fármaco para emagrecerem.

Foram mobilizados para a operação cerca de 40 inspetores, tendo as buscas abrangido "a residência dos arguidos (duas médicas, um advogado e uma empresa), os principais suspeitos, escritórios de advogados, um estabelecimento de saúde na cidade do Porto e várias outras buscas em Vila Nova de Gaia, Lousada, Albufeira e Funchal".

O inquérito, foi adiantado na conferência de imprensa, "está cruzado com uma investigação que está a decorrer na Autoridade Tributária e que está a ser dirigido pelo DIAP de Santa Maria da Feira".

Graça Vargas, a médica detida por passar receitas de Ozempic, terá atestado que os utentes eram diabéticos para terem comparticipação de medicamentos para a diabetes mas que eram usados para emagrecerem.

De acordo com a investigação, a médica, que prescreveu mais de 9 milhões de Ozempic, foi detida em casa, em Matosinhos.

O esquema terá lesado o Estado em mais de três milhões de euros.

A Ordem dos Médicos já avançou com um processo disciplinar a esta médica endocrinologista.
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