Operação para colocar a flutuar navio "Merle" deverá concluir-se na próxima semana

Aveiro, 22 mar (Lusa) - A operação de assistência marítima para a reflutuação do cargueiro "Merle", que encalhou há cerca de dois meses na praia do Muranzel, na Murtosa, começou hoje e deverá ficar concluída na próxima semana, disseram hoje os responsáveis pelos trabalhos.

Lusa /

A informação foi avançada durante uma conferência de imprensa promovida pela Capitania do Porto de Aveiro para explicar os detalhes da operação e em que estiveram presentes os responsáveis pelas duas empresas a quem foram adjudicados os trabalhos - a holandesa "Mammoet Salvage", especializada em salvamentos marinhos, e a Rebonave - Reboque e Assistência Naval.

"A operação iniciou-se hoje com a remoção da areia que circunda o navio e a transfega do combustível existente a bordo", disse José António Costa, da Rebonave.

Na próxima semana, em dia ainda determinar, e que estará dependente das condições do vento e do mar, dois rebocadores oceânicos vão fazer as primeiras tentativas para puxar o navio para mar aberto.

Depois de ser colocado a flutuar, o cargueiro será alvo de uma inspeção, para avaliar as condições de navegabilidade, e será, depois, rebocado para uns estaleiros em Lisboa, onde será reparado ou desmantelado.

Caso não se consiga colocar o "Merle" a flutuar, existe uma segunda opção que passa pelo desmantelamento da embarcação com 80 metros de comprimento e com um peso de cerca de 2.500 toneladas.

"Há imponderáveis que podem implicar que o navio seja desmantelado no local", afirmou José António Costa, acrescentando que esse cenário "está pensado, mas não está planeado".

A operação, cujos custos não foram avançados, envolve cerca de 30 homens, dois rebocadores oceânicos, três retroescavadoras e seis veículos todo-o-terreno.

Os trabalhos contam com a colaboração dos Bombeiros Novos de Aveiro e da Polícia Marítima, que tem no local dez homens, com duas viaturas e uma embarcação, para assegurar um perímetro de segurança em redor do navio.

Na mesma ocasião, o comandante do Porto de Aveiro, Luciano Oliveira, disse que o inquérito para apurar as causas do acidente ainda não está concluído.

Neste momento, segundo o mesmo responsável, estão a ser analisados todos os dados que o navio possuía, nomeadamente comunicações.

O cargueiro, com bandeira das Ilhas Cook, encalhou na manhã de 19 de janeiro, a sul da praia da Torreira, quando seguia sem mercadoria com destino a Huelva, em Espanha.

Na altura do acidente, as condições marítimas eram muito adversas.

Os seis tripulantes do navio (cinco turcos e um cidadão do Azerbaijão) foram evacuados pelos meios da Polícia Marítima a partir de terra e foram assistidos localmente pelo INEM, seguindo depois para o Hospital de Aveiro apenas para observação.

Inicialmente, as autoridades avançaram que o incidente terá sido provocado pelo mau tempo que se fez sentir e pela entrada de água na casa das máquinas, o que fez com que o navio ficasse desgovernado e fosse encalhar no areal.

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