Organização troca "armas" por brinquedos didácticos
Uma espada de plástico por um puzzle ou uma espingarda de brincar por blocos de construção, a troca pode ser feita sábado em três cidades portuguesas numa iniciativa da Amnistia Internacional para sensibilizar as crianças para os perigos da disseminação das armas.
O Oceanário, em Lisboa, o Largo Friedrich Ulrich, em S. Martinho do Porto, e a Escola Internacional, em Tomar, foram os locais escolhidos pela Amnistia Internacional (AI) para a troca de brinquedos bélicos por outros, mais didácticos, e que apelem à "criatividade e entendimento".
Luísa Marques, da AI, disse à agência Lusa que os brinquedos para troca foram oferecidos por duas empresas e são sobretudo puzzles e blocos de construções, estando prevista a troca de 500 em Lisboa, 100 em S. Martinho do Porto e 50 em Tomar.
A iniciativa, que se insere na campanha "Vamos trocar armas por brinquedos" pretende, segundo a AI, divulgar, entre pais e crianças, o perigo da disseminação das armas.
"É uma iniciativa simbólica que pretende chamar a atenção das crianças para o facto de - enquanto elas recebem brinquedos em forma de armas de presente - haver crianças que recebem armas verdadeiras", disse à Lusa Vítor Nogueira, porta-voz da AI em Portugal.
Apesar de não ter qualquer posição contra a oferta dos chamados brinquedos bélicos às crianças, a AI acredita que os "jogos e os brinquedos bélicos promovem uma cultura de violência, com reflexo nos comportamentos do dia-a-dia".
Além da troca de brinquedos, os mais novos terão ainda à disposição várias actividades desde jogos interactivos até à leitura de contos.
"Teremos computadores com um jogo desenvolvido pela AI que se chama a "Ilha das algas mágicas" em que as crianças terão que ter atitudes certas relativamente a conceitos como solidariedade e entreajuda para poderem progredir", disse Luísa Marques.
Haverá ainda espaço para a leitura de contos do livro editado pela AI "Um mundo de esperança" e oficinas de pintura, desenho e construção de brinquedos.
Os brinquedos bélicos resultantes da troca serão enviados a embaixadas em Portugal de países onde há conflitos armados acompanhados de uma mensagem.
Luisa Marques disse à Lusa que os países ainda não foram escolhidos, sublinhando que "por onde escolher não falta".
Ainda no âmbito desta iniciativa, nos últimos meses, a Amnistia Internacional convidou professores de várias escolas a sensibilizarem os alunos para este tema, tendo produzido um guia para docentes intitulado "As Armas não são Brinquedos", com actividades didácticas e informações sobre crianças-soldado e violência armada.
A iniciativa insere-se na campanha internacional por um controlo de armas "mais rígido e eficiente", lançada em 2003 pela Amnistia Internacional, a Oxfam e a International Action Network on Small Arms em 50 países.
Todos os anos, mais de meio milhão de pessoas morrem em resultado de violência armada.