Pacto Português para os Plásticos assinado esta terça-feira

por RTP
Luc Gnago - Reuters

O Pacto Português para os Plásticos é apresentado esta terça-feira como um compromisso conjunto, entre cerca de 50 entidades, para atingir 100 por cento de plástico reciclável nas embalagens até 2025.

O projeto coordenado pela Associação Smart Waste Portugal, com o apoio do Ministério do Ambiente e da Ação Climática e da rede de Pactos para os Plásticos da Fundação Ellen MacArthur, "é uma plataforma colaborativa que reúne os diferentes atores da cadeia de valor nacional do plástico, para alcançar um conjunto de metas ambiciosas até 2025".

As cerca de 50 empresas e organizações aderentes, que assinam o projeto esta terça-feira, pretendem também chegar a 2025 com todo o plástico novo fabricado a incorporar 30 por cento de reciclado e 70 por cento das embalagens usadas a serem feitas com plástico reciclado.

Este projeto "visa solucionar, na origem, os problemas associados ao plástico, em direção a uma economia circular dos plásticos", segundo a organização.

Entre as várias metas destacam-se ainda a elaboração de uma lista de todos os plásticos de uso único desnecessários e de um plano para a sua eliminação, promovendo a reutilização e novas formas de entrega dos produtos.

Os benefícios de pertencer ao Pacto Português para os Plásticos incluem a integração na "rede global dos Pactos para os Plásticos da Fundação Ellen MacArthur" e o acesso "a uma plataforma exclusiva de troca de conhecimento, aprendizagens e melhores práticas com outros Pactos para o Plástico em todo o mundo".

O presidente da Smart Waste, Aires Pereira, disse à Lusa que o objetivo até 2025 é que a totalidade dos plásticos usados nas embalagens seja reciclável e esse compromisso envolve "toda a fileira, desde a produção até à distribuição".

Só no ano passado, "foram fabricadas mais de 360 milhões de toneladas de plástico, 40 por cento das quais são usadas em embalagens, que constituem 60 por cento de todos os resíduos de plástico produzidos", explicou ainda Aires Pereira.
Só 12 por cento dos plásticos urbanos são reciclados

No mesmo dia em que é lançado o Pacto português para os Plásticos, a associação ambientalista ZERO veio avisar que Portugal, em 2018, "só reciclou 12 por cento do plástico dos resíduos urbanos". Segundo os dados da Agência Portuguesa do Ambiente, isto significa que só 72 mil toneladas de um total de 600 mil foram recicladas.

A ZERO classifica a reciclagem de plástico em Portugal como um "enorme falhanço" e considera que a recolha de plásticos deve ser feita porta-a-porta em todo o lado, em vez de haver uma rede de ecopontos.
A associação defende ainda que os produtores devem pagar as suas contribuições para o sistema de gestão de embalagens.

De contrário, continuará o "subfinanciamento do sistema, uma vez que os produtores de mais de metade das embalagens de plástico colocadas no mercado não têm pago a sua contribuição", que suporta a recolha seletiva e a triagem das embalagens. A solução, diz Rui Berkmeier da ZERO, passa por envolver mais os cidadãos.

As empresas e organizações aderentes deste projeto pagam até 7500 euros de taxa de adesão e 3750 euros anuais, dependendo do volume de negócios, para financiar a execução do pacto, "para que seja completamente independente".

O pacto vai ser lançado e assinado por empresas como a Coca Cola, a Nestlé, a Delta Cafés, a Sonae, a Jerónimo Martins ou a sociedade Eletrão. Entre os parceiros estão ainda entidades como a Universidade Nova de Lisboa, a Universidade de Coimbra e a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, e associações setoriais como a Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).

Autarquias como a câmara de Lisboa e a de Póvoa de Varzim - a que Aires Pereira preside -, a associação ambientalista ZERO, o Ministério do Ambiente e a Presidência da República são também parceiros do pacto, que visa também a "educação e sensibilização dos consumidores".
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