Palmela contesta redução de verbas com nova lei das Finanças Locais
O vereador das Finanças da câmara de Palmela (CDU) contestou hoje os futuros critérios de atribuição de verbas do Estado às autarquias, que neste concelho implicam "uma redução de 48 por cento a longo prazo".
"O nosso concelho é o mais penalizado porque na base da transferências do poder central para as autarquias há uma redução de 48 por cento", que "se vai sentir a longo prazo", apenas porque os "critérios de atribuição das verbas mudaram", disse Adilo Costa à agência Lusa.
Segundo o vereador, que está contra os critérios previstos na futura Lei das Finanças Locais para a transferência de verbas, Palmela é o concelho da Área Metropolitana de Lisboa mais prejudicado, apesar da sua grande dimensão (460 quilómetros quadrados) e de ter uma população de cerca de 60 mil habitantes.
"Vamos ter reduções de cinco por cento todos os anos até atingirmos aquilo que a nova lei prevê", explicou Adilo Costa, considerando que estas alterações "penalizam demasiado um concelho como Palmela" que ainda apresenta vários problemas de desenvolvimento.
Segundo explicou, o novo regime de financiamento dá mais importância à população residente e à média diária de dormidas em hotelaria, questões em que Palmela é prejudicada relativamente a outros concelhos vizinhos.
"A nova lei não considera a população residente com menos de 15 anos, o número de freguesias nem a razão directa do IRS cobrado", considerou o vereador das Finanças, esperando que as autarquias venham a tomar uma posição contra o novo diploma.
A nova legislação "vai favorecer concelhos maiores" mas Adilo Costa confia que esses municípios estão "solidários" com as autarquias de média e menor dimensão.
"Do nosso ponto de vista, esta proposta de lei viola princípios constitucionais e as autarquias não devem ceder" nomeadamente no que respeita à "possibilidade de o Estado reduzir comparticipações como sanção por causa do endividamento" dos municípios.
A nova lei vem "criar um regime sancionatório que é incorrecto" e remete qualquer novo endividamento para a responsabilidade dos Ministérios das Cidades e das Finanças.
"Tutelar em dois ministros a autorização para endividamento é regressar à constituição de 1933" e "destrói todas as conquistas das autarquias", acrescentou Adilo Costa.
Um estudo hoje citado pelo jornal "Diário Económico" refere os concelhos de Palmela, Mafra, Montijo, Sesimbra e Alcochete como sendo os mais penalizados da Área Metropolitana de Lisboa no montante das verbas transferidas do Orçamento de Estado.
De acordo com a mesma fonte, os mais beneficiados serão Sintra, Amadora e Lisboa.