Pandemia combinada com ataque informático em larga escala pode derrubar um sistema de saúde, diz Henrique Martins

O ex-presidente dos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde (SPMS), Henrique Martins, avisa que é preciso apostar no investimento em segurança informática para impedir que eventuais ataques informáticos possam colocar em risco os dados pessoais de utentes e "derrubar" o Serviço Nacional de Saúde (SNS), e afirma que esta não tem sido uma prioridade.

Antena 1 /

Lusa

"Investimento não houve. Dois anos depois, ainda não estamos a fazer a substituição de alguns aplicativos que já devíamos estar a substituir de forma acelerada", diz o antigo responsável pelo SNS24, que deixou o cargo no início de 2020.

Ouvido pela Antena 1, Henrique Martins assinala que a segurança não pode ser deixada de lado e salienta que esta é uma questão ainda mais prioritária em contexto de pandemia: "Tenho falado das chamas ameaças híbridas. O que pode derrubar um sistema de saúde é, precisamente, uma pandemia combinada com um ataque informático em larga escala".

Nesse sentido, o professor e responsável pelos SPMS quando, em 2017, um ataque informático à escala europeia obrigou a tomar medidas sobre os correios eletrónicos e a internet do SNS, defende ainda uma aposta na formação num cenário em que número de peritos na área da segurança "não é suficiente".
"É um grande problema em termos de cibersegurança, porque é preciso manter os sistemas seguros", insiste.

Henrique Martins considera ainda crucial tratar os dados pessoais dos utentes do SNS como "ativos de altíssimo risco" e recomenda a que seja "elevada a fasquia" na segurança das redes e dos sistemas.

Ainda assim, o ex-responsável pela linha SNS24 acredita que têm sido dados alguns passos e que é possível atuar em tempo útil: "Não estamos totalmente livres de ter um problema sério, mas estamos hoje mais protegidos se atuarmos rapidamente. Temos de reforçar a guarda. A situação geopolítica é diferente e, se o SNS falhar, é um problema, porque ainda vamos precisar muito deste serviço em tempos de pandemia".
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