Parque Zoológico da Maia rejeita existência de doença nos animais transmissível a humanos

O director do Parque Zoológico da Maia, Carlos Teixeira, negou hoje a existência de qualquer doença transmissível aos humanos nos animais ali instalados, frisando que o problema foi detectado em exemplares dali retirados há mais de três meses.

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"Os nossos funcionários nunca foram contaminados e, se alguém (das autoridades competentes) sabia que existia essa doença, deveria ter-nos avisado, o que nunca foi feito", frisou Carlos Teixeira, em declarações à Lusa.

Por essa razão, considerou que "a doença, se existe, não está no Zoo da Maia, mas no Parque de Santo Inácio, em Gaia, para onde os animais foram levados em Fevereiro".

"Os nossos médicos nunca detectaram qualquer problema desse género nos animais que foram levados daqui", garantiu.

De qualquer forma, por uma questão de precaução, disse que os serviços do zoológico "iniciaram hoje mesmo testes em todos os animais para averiguar a existência de alguma doença".

Carlos Teixeira salientou que as informações divulgadas à Lusa pela Direcção Geral de Veterinária (DGV) e pelo Instituto de Conservação da Natureza (ICN), hoje veiculadas pela generalidade dos órgãos de comunicação social, se referem a um conjunto de crias de papagaios e araras apreendidos a traficantes, que foram colocados à guarda do Zoo da Maia em Janeiro de 2004.

Os animais foram devidamente acompanhados durante toda a fase de crescimento e, já adultos, foram colocados num espaço com cerca de 600 metros quadrados especialmente concebido para os acolher, "respeitando as indicações do ICN".

"Surpreendentemente, recebi em Fevereiro uma carta do ICN a dizer que os animais iriam ser transferidos para o Parque de Santo Inácio, argumentando apenas com o problema da falta de espaço na Maia, o que não é verdade", afirmou Carlos Teixeira.

Em causa, além das 13 araras e 13 papagaios, estavam também cerca de 40 tartarugas e 3 pitons reais, que foram levados a 5 de Fevereiro, manifestando o director do Zoo da Maia surpresa por "surgirem agora notícias dizendo que eles têm doenças que podem contaminar humanos".

"Isto lançou o pânico entre os funcionários e já começamos a receber telefonemas de algumas escolas, manifestando preocupação com esta situação", frisou.

O Parque Zoológico da Maia é visitado anualmente por mais de 100 mil crianças de escolas de toda a região norte do país, especialmente do Grande Porto.

A situação deste parque poderá agravar-se nas próximas semanas, caso se concretize a intenção do ICN de transferir para outros locais os restantes animais colocados à guarda do Zoo da Maia pelo Estado.

Neste grupo encontram-se oito macacos, um casal de pumas, um jaguar, um leopardo e uma pantera negra, além de quatro saguis prateados, uma espécie em vias de extinção, que já se reproduziu na Maia.

"Estes animais já têm todas as condições necessárias de alojamento. O ICN parece que continua a falar da situação que existia há 5 ou 6 anos e não vê como as coisas estão agora", afirmou Carlos Teixeira, frisando que "tudo o que foi recomendado pelo ICN foi executado".

Segundo o director, a primeira vistoria oficial ao Parque Zoológico da Maia foi realizada em finais de Junho de 2005, tendo sido dado um prazo de seis meses para cumprir as recomendações que foram apresentadas.

"A nova vistoria apenas foi realizada em Setembro de 2006, para verificar o cumprimento das recomendações feitas um ano antes, e o auto diz que todas foram cumpridas", revelou.

Carlos Teixeira salientou, no entanto, ser "incompreensível que o auto de vistoria apenas tenha sido entregue ao Parque Zoológico da Maia depois de ter sido pedida a intervenção do Provedor de Justiça".

"O que inicialmente nos enviaram era um relatório que não tinha nada a ver com o que disse quem veio cá fazer a vistoria e está escrito no auto", frisou.

Por essa razão, Carlos Teixeira considera que "há qualquer coisa que não bate certo, porque não faz sentido ter que recorrer ao Provedor de Justiça para ter acesso ao auto de vistoria às instalações".

Sem querer entrar em detalhes, Carlos Teixeira admitiu que "há gente de má fé que não quer ver o Zoo da Maia licenciado", admitindo que essa situação possa resultar "da concorrência que este parque zoológico faz a outros eventos, que poderiam render mais dinheiro se ele não existisse".

"Fizemos tudo o que nos mandaram fazer e, mesmo assim, parece que não estão satisfeitos. Tentaram encerrar o Zoo da Maia com exigências que pensavam que não conseguíamos satisfazer, agora só lhes resta levarem os animais para nos obrigar a fechar as portas", frisou.

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