Passear pelo Cais do Ginjal em Almada voltou a ser possível a partir de hoje

Turistas e almadenses acorreram hoje ao Cais do Ginjal, em Cacilhas, para descobrir ou voltar a caminhar numa zona que durante meses esteve interditada devido ao estado de degradação do piso e dos edifícios adjacentes.

Lusa /

"Gosto de fazer este caminho até ao fundo. Deixei de vir porque o percurso tinha muitos buracos, o que se tornava perigoso. É uma zona de que nós, almadenses, gostamos bastante", disse, em declarações à agência Lusa, Graça Teixeira, uma das pessoas que na manhã de hoje decidiram ver `in loco´ a abertura ao público do percurso ribeirinho.

A opinião foi partilhada por Graciete, moradora em Cacilhas e que tem por hábito fazer as suas caminhadas naquela zona, e por Virgínia Santos, de 84 anos, que referiu ter agora perdido o medo de caminhar pelo Ginjal.

Em abril, a Câmara Municipal de Almada, no distrito de Setúbal, decretou a "situação de alerta", nos termos da Lei de Bases da Proteção Civil, tendo em vista a interdição de circulação de pessoas no Cais do Ginjal, desde as proximidades do terminal fluvial de Cacilhas até aos estabelecimentos de restauração existentes no Olho de Boi.

A "situação de alerta" vigorou até ao dia 01 de maio de 2025, tendo entretanto o Grupo AFA, proprietário dos edifícios identificados como estando em risco, ter iniciado as demolições e as obras para permitir a circulação de pessoas.

As cerca de 50 pessoas que viviam naquela zona, em edificados devolutos, saíram em abril, ficando alojadas temporariamente numa Zona de Concentração e Apoio à População (ZCAP) criada na Escola Secundária Anselmo de Andrade, entretanto desativada.

Hoje, na abertura simbólica daquele espaço que terá agora iluminação pública e uma exposição sobre este espaço icónico da história de Almada, a presidente do município, Inês de Medeiros, explicou que as pessoas foram acompanhadas pelos serviços sociais, tendo sido encontradas soluções para cada caso.

Quanto ao novo espaço, Inês de Medeiros destacou que as obras realizadas pelo Grupo AFA permitem agora circular em segurança, tendo inclusive sido colocados passadiços de madeira em pontos mais críticos que ainda têm de ser intervencionados e que são da responsabilidade da Administração do Porto de Lisboa.

"Hoje o que nós estamos aqui a fazer é devolver este caminho, este passeio à beira Tejo às pessoas, não apenas de Almada, mas também a muitos lisboetas que nunca viram Lisboa desta perspetiva", disse.

A autarca adiantou que esta é uma primeira etapa de reabilitação da zona, com a consolidação de um passeio "muito querido dos almadenses" e de todos os que visitam Almada.

Para a zona, sublinhou, há um plano de urbanismo que vive num impasse há quase oito anos.

Em novembro de 2020, a Câmara de Almada aprovou, por unanimidade, o Plano de Pormenor do Cais do Ginjal, para a intervenção e reabilitação profunda daquela área, num projeto conjunto com o Grupo AFA que está agora num impasse jurídico com a Agência Portuguesa do Ambiente relativamente ao domínio público hídrico.

O grupo estima um investimento de 300 milhões de euros para uma área com cerca de 90 mil metros quadrados, prevendo a construção de um complexo de habitação com cerca de 300 fogos, várias frações de comércio e serviços, um hotel com 160 quartos, equipamentos sociais e ainda 500 lugares de estacionamento.

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