"Com esta decisão prepotente, o Governo PS abre caminho a uma cada vez menos nobre maneira de enriquecer: as clínicas de saúde privadas", sustenta, em comunicado divulgado hoje, a Comissão Concelhia de Miranda do Corvo do PCP.

Ao manifestar a sua discordância face ao que considera a "privatização da saúde", a organização frisa que esta "deveria ser um bem absolutamente grátis, evitando assim medir a qualidade e/ou esperança média de vida conforme os números das contas bancárias de cada um".

Na nota, o PCP lembra o anúncio recente da intenção da Associação para o Desenvolvimento e Formação Profissional (ADFP) de criar em Miranda do Corvo uma clínica médico-cirúrgica, "como uma semi- alternativa ao SAP, tendo apresentado o projecto à Câmara Municipal".

"Será que isto é concertado ou é apenas uma resposta altruísta por parte da ADFP face ao enjeitar de responsabilidades do Estado? Certo é que o «timing» suscita certas dúvidas", questiona o PCP.

Contactado pela agência Lusa, Jaime Ramos, presidente da direcção desta instituição particular de solidariedade social, sem fins lucrativos, de Miranda do Corvo, considerou que a hipótese de concertação levantada pelo PCP "não tem lógica, dado que os SAP e os internamentos nos centros de saúde estão a fechar em todo o país".

"Há uma leitura estratégica da direcção da ADFP, por antecipação, das mudanças que se preparam no Serviço Nacional de Saúde", adiantou o médico, sublinhando que com a nova infra-estrutura se visa "dar uma resposta melhor" à população do concelho.

No comunicado, o PCP critica ainda a falta de alternativas ao fecho do centro de saúde no período nocturno.

"A única solução que os mirandenses têm é ir aos Hospitais da Universidade de Coimbra durante o período nocturno", censura.

A Administração Regional de Saúde do Centro anunciou segunda- feira o fecho dos SAP, a partir do próximo sábado, em quatro centros de saúde: Miranda do Corvo, Penela, Lousã (distrito de Coimbra) e Mealhada (Aveiro).

A redução dos horários de funcionamento dos centros de saúde tem sido contestada por autarcas, partidos e população dos concelhos afectados.