Pedrógão Grande. Adiado julgamento sobre irregularidades na reconstrução de casas

por RTP
RTP

Foi adiado para meados de outubro o julgamento do processo de suspeita de fraudes na reconstrução das casas destruídas pelos incêndios de 2017. O julgamento deveria ter começado esta segunda-feira.

O processo visa o presidente da Câmara de Pedrógão Grande e outros 27 arguidos. Em causa estão crimes, como burla qualificada e falsificação de documentos, na utilização de apoios públicos para recuperar imóveis que arderam em 2017.

Um julgamento que, devido à pandemia e ao elevado número de arguidos, vai decorrer no auditório da Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Politécnico de Leiria.

No processo estão acusadas 28 pessoas, das quais três pediram a abertura de instrução.

Em março, a juíza de Instrução do Tribunal de Leiria deliberou levar a julgamento o presidente da Câmara de Pedrógão Grande, Valdemar Alves, acusado de vários crimes no processo de reconstrução das casas.

Além de Valdemar Alves, também pediram a abertura da instrução o ex-vereador Bruno Gomes e o construtor civil João Paiva. Todos vão ser julgados em tribunal coletivo.

Valdemar Alves e Bruno Gomes vão responder por 20 crimes de prevaricação de titular de cargo político, 20 crimes de falsificação de documento e 20 crimes de burla qualificada, os mesmos crimes de que estavam indiciados na acusação do Ministério Público.

Já João Paiva está acusado de um crime de burla qualificada e outro de falsificação de documentos.

O despacho admite ainda que "a qualificação jurídica atribuída pelo Ministério Público na acusação (a Bruno Gomes) poderá ser discutível e podem existir entendimentos divergentes".

"Contudo, considera-se que esta não é a sede própria para tomar posição sobre uma eventual alteração da qualificação jurídica dos factos, uma vez que a correta qualificação jurídica dos mesmos depende da produção de prova que se venha a realizar em julgamento e na análise conjunta de toda a prova, tanto mais que se encontram acusados 28 arguidos e apenas três requereram a instrução", lê-se ainda na decisão.

O incêndio, que deflagrou em 17 de junho de 2017, em Escalos Fundeiros, no concelho de Pedrógão Grande, distrito de Leiria, e que alastrou depois a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e 253 feridos, sete deles com gravidade, tendo destruído cerca de 500 casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.

"Foi requerida a perda de vantagens provenientes dos crimes no montante global de 715.987,62 euros", refere ainda o MP.

c/Lusa

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