Pedroso voltará ao Parlamento "quando as circunstâncias permitirem"
Paulo Pedroso garantiu hoje que vai assumir novamente o mandato de deputado pelo PS à Assembleia da República, "quando as circunstâncias o permitirem", após ter visto encerrado, segunda-feira, o seu envolvimento no processo Casa Pia.
A intenção de Pedroso é expressa num comentário ao trânsito em julgado do acórdão da Relação de Lisboa que mantém a decisão da juíza de instrução, Ana Teixeira e Silva, de não o levar a julgamento no âmbito do processo Casa Pia. O comentário, a que a Agência Lusa teve acesso, será divulgado hoje no blogue http://ocanhoto.blogspot.com. Nesse comentário, Paulo Pedroso anuncia a intenção de processar os responsáveis "na condução da investigação" do processo Casa Pia, fazendo referências indirectas ao Ministério Público e ao Procurador-geral da República, Souto Moura, que avocou a si este mediático processo de pedofilia com alunos da instituição.
No que se refere ao seu futuro político, Pedroso afirma que continuará a ser "um cidadão empenhado" na vida do seu país e a "militar activamente no Partido Socialista", garantindo que assumirá, "quando as circunstâncias o permitirem, o mandato de deputado à Assembleia da República".
"Tenho sido perguntado sobre o que vou fazer agora.
Continuarei a bater-me pelas causas e pelos projectos em que acredito, onde sentir que posso ser útil, honrando os meus compromissos e com a mesma determinação de sempre", escreve.
Referindo-se às consequências pessoais e políticas da acusação de que foi alvo, o ex-ministro da Solidariedade e deputado com mandato suspenso afirma ter sido obrigado, no plano profissional, a "tomar decisões não facilmente reversíveis" devido ao "arrastamento da decisão judicial", cujo término foi conhecido segunda-feira com o trânsito em julgado da decisão da Relação.
Depois de "meses de espera", Paulo Pedroso dá conta de que regressou entretanto "plenamente" à sua profissão, "na instituição universitária [o ISCTE - Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa] e em funções internacionais de consultoria" [na Roménia], tendo aceitado responsabilidades "que não pode abandonar imediatamente".
Pedroso manifesta no comentário ser-lhe impossível ignorar as consequências de tudo aquilo por que passou.
"Um dos lados mais miseráveis da perseguição de que fui alvo foi a tentativa desesperada de semear e manter dúvidas, de prolongar até ao absurdo e de retorcer até ao delírio o vazio da acusação que me foi dirigida", queixa-se o ex-deputado socialista, admitindo que demorará "a emergir".
Fontes próximas do ex-deputado socialista afirmaram que Paulo Pedroso só reassumiria funções políticas depois de estar completamente ilibado no processo Casa Pia.
Foi neste contexto que surgiu em décimo lugar na lista de candidatos socialista pelo círculo de Setúbal, mas se quiser regressar ao Parlamento poderá fazê-lo imediatamente, já que o PS elegeu oito deputados por aquele distrito e dois deles já não estão na Assembleia da República.
São Joel Hasse Ferreira (número 2 na lista), que renunciou ao mandato na AR para assumir funções de euro-deputado no grupo socialista europeu, e Eduardo Cabrita, que entrou em quarto lugar mas actualmente é secretário de Estado Adjunto e da Administração Local.