PGR escusa-se a comentar a prisão de Isaltino de Morais por não ter conhecimento oficial do processo
Lisboa, 30 set (Lusa) - O procurador-geral da República escusou-se hoje a comentar a detenção do presidente da Câmara de Oeiras, afirmando que não tem conhecimento oficial do processo e não fala sobre casos concretos.
"Eu não me pronuncio sobre este caso por duas razões: primeiro porque não tenho conhecimento oficial do caso, só tenho conhecimento particular", afirmou Pinto Monteiro aos jornalistas à entrada para a Reunião Anual da Justiça Administrativa, que está a decorrer em Lisboa.
Em segundo lugar, o procurador-geral da República argumentou que o processo está na área do poder judicial: "O arguido tem todos os mecanismos de defesa e eu não me pronuncio sobre casos concretos".
Questionado sobre se quando aludiu aos mecanismos de defesa do arguido se estava a referir a um pedido de habeas corpus, que o arguido pode fazer junto do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), o PGR acenou afirmativamente, acrescentando que "o habeas corpus existe em todos os estados de direito e quem apreciar este pedido [no STJ] decidirá".
O presidente da Câmara de Oeiras, Isaltino Morais, foi detido na quinta-feira pela PSP, depois de o Tribunal da Relação de Lisboa o ter condenado a dois anos de prisão, por fraude fiscal e branqueamento de capitais, mas não perde o mandato.
O `Caso Isaltino` teve início há mais de oito anos, quando o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) iniciou uma investigação ao autarca, por suspeitas de que possuía contas bancárias não declaradas na Suíça e na Bélgica. Em 2009 Isaltino Morais é condenado a sete anos de prisão e a perda de mandato por fraude fiscal, abuso de poder e corrupção passiva para ato ilícito e branqueamento de capitais. A defesa do autarca avança com um recurso e em julho de 2010 o Tribunal da Relação de Lisboa decide baixar a pena de prisão para dois anos.
O MP recorre da redução da pena por parte do Tribunal da Relação de Lisboa e o autarca avança com recursos para o Tribunal Constitucional e para o Supremo Tribunal de Justiça (STJ) para "fazer cair" a pena de prisão efetiva.
Em maio, o Supremo rejeita o pedido de anulação de pena de dois anos de prisão efetiva de Isaltino Morais e faz subir para o dobro a indemnização cível a que estava sujeito a pagar.
Para que a decisão não transite em julgado, o presidente da Câmara apresenta recurso ao Tribunal Constitucional, uma medida que é aceite pelo Supremo.
Isaltino Morais foi eleito pela primeira vez presidente da Câmara de Oeiras em 1986 pelo PSD. Hoje cumpre o seu último mandato autárquico como líder do IOMAF.