Pinto de Sousa ouvia clubes sobre os árbitros mas só "para evitar conflitualidade" - ex-presidente FPF
Gondomar, 17 Abr (Lusa) - O antigo presidente da Federação Portuguesa de Futebol João Rodrigues admitiu hoje que Pinto de Sousa, ex-presidente do Conselho de Arbitragem, ouvia "sugestões" dos clubes sobre árbitros a nomear, "para evitar conflitualidade", mas decidia por si.
João Rodrigues, que dirigiu a FPF entre 1989 e 1992, foi ouvido precisamente na qualidade de testemunha de Pinto de Sousa, durante a tarde no Tribunal de Gondomar, em mais uma audiência do processo "Apito Dourado".
"Ele dava a possibilidade de os presidentes sugerirem três nomes" de árbitros, disse aos jornalistas, já no exterior do tribunal, reiterando o que afirmara em audiência.
"Se havia um que coincidisse [com os sugeridos], era esse que ele nomeava", acrescentou.
Os pedidos dos presidentes, que as escutas confirmam no caso do Gondomar SC, não eram entendidos por Pinto de Sousa como factor de pressão mas, tão só, como "sugestões" e "como forma de evitar a conflitualidade".
Numa alusão à acusação de que Pinto de Sousa respondia a pedidos do co-arguido José Luís Oliveira para agradar Valentim Loureiro, garantiu que o ex-presidente do Conselho de Arbitragem "não cederia a ninguém, nem ao Presidente da República".
O antigo presidente da FPF assumiu ter com Pinto de Sousa uma amizade e afirmou que o ex-presidente do Conselho de Arbitragem "não precisava" da ajuda de Valentim Loureiro para ter acesso aos círculos de poder.
"Nem para o que quer que seja", garantiu, afirmando que os "lucros" de Pinto de Sousa com o cargo de responsável pela arbitragem da FPF "foram prejuízos" e assegurando que estava naquelas funções apenas "por amor à arbitragem".
Contou mesmo que chegou a oferecer 2.500 euros a um árbitro que obrigou a interromper a carreira por limite de idade e que, por isso, ficaria alegadamente privado de pagar a conclusões dos estudos de uma filha.
O julgamento prossegue segunda-feira com a audição de testemunhas indicadas pelo arguido Valentim Loureiro.
O processo "Apito Dourado", que incluiu investigações a alegados casos de corrupção e tráfico de influências no futebol, foi tornado público a 20 de Abril de 2004, com a detenção para interrogatório de vários dirigentes.
JGJ.