Pinto Monteiro considera prematuro falar de arquivamento do caso Maddie

Falar-se já de arquivamento no caso "Maddie" é prematuro, sustenta o Procurador-Geral da República. Pinto Monteiro afirma que o Ministério Público ainda vai analisar o relatório da PJ e só depois é que dará, ou não, o caso por arquivado.

Eduardo Caetano, RTP /
Ainda é muito cedo para se falar em arquivamento no caso "Maddie" RTP

O Procurador-Geral da República diz que é prematuro falar em arquivamento do processo Madeleine. Quanto ao relatório que existe não se pronuncia uma vez que ainda o não leu, embora saiba que já foi entregue ao Ministério Público.

Questionado pelos jornalistas sobre se o arquivamento corresponde, ou não, a um golpe duro para a justiça portuguesa, opinião generalizada na população, Pinto Monteiro recusa responder alegando que ainda não há arquivamento e avisando que não quer pronunciar-se quanto a situações que não existem. Sempre foi adiantando que “há crimes que se apuram e há crimes em que não se apuram. Em todo o mundo é assim, desde há anos, anos e anos”.

Pinto Monteiro relembra uma realidade triste, a de que “uma justiça em que todos os ilícitos penais (crimes) sejam apurados é impossível, não há nem nunca houve no mundo nem nunca haverá“.

O Procurador-Geral da República procura explicar a razão desse insucesso, justificando que “este tipo de ilícitos criminais são extremamente difíceis de apurar. Muitas vezes consegue-se, muitas vezes, infelizmente, não se consegue”.

“Mas não há nenhuma polícia do mundo que neste tipo de crimes tenha sempre sucesso”, diz Pinto Monteiro visando salvaguardar a polícia de investigação criminal portuguesa que, tudo aponta, irá ter aqui um insucesso.

Um insucesso que não se deve, no entanto, à incapacidade ou ineficiência da Polícia Judiciária, mas antes a uma realidade triste e dramática conhecida em todo o mundo e por todas as polícias.

“Sabe que por ano há um milhão destes desaparecimentos de crianças e quantos ficam por descobrir?”, pergunta Pinto Monteiro, que responde logo de seguida: “Calcula-se que cerca de 80 por cento ficarão por descobrir”.

O Procurador-Geral da República refuta a ideia de que a existência, ao longo destes catorze meses que se passaram desde o desaparecimento, de muitas críticas à investigação quer nacional quer inglesa ao caso possa manchar a justiça portuguesa. Criticar é fácil, segundo Pinto Monteiro, que relembra que não há nada em Portugal que não seja alvo de críticas.

Para o PGR, se uma investigação não conduz a bom porto e à descoberta da verdade é perfeitamente legítima e compreensível a crítica, sobretudo se ela vem de quem tem a profunda dor de perder um ente querido. Mas essa legítima crítica não quer dizer que ela seja justa ou sequer que atinja e macule a polícia portuguesa ou a justiça nacional.

Polícia Judiciária deu por concluído o inquérito ao desaparecimento da britânica Madelleine Mccain

Desaparecida no dia 3 de Maio de 2007, quase há catorze meses, no Algarve, foi alvo de extensas buscas e de um inquérito profundo que ocupou meios que muitas pessoas, incluindo algumas do meio policial, julgaram demasiados e atribuíram à visibilidade que o caso assumiu na comunicação social portuguesa e estrangeira.

Encerrado o inquérito, a equipa responsável pelas investigações elaborou um relatório final que endereçou ao Ministério Público, entidade encarregue da investigação e condução de inquéritos judiciais.

O Ministério Público vai proceder agora à análise integral do processo “Maddie”, que já é extenso e longo, e determinar se outras iniciativas são exigidas ou se, pelo contrário, estão reunidas todas as condições necessárias e suficientes para encerrar o inquérito.

A Polícia Judiciária, de acordo com declarações prestadas na terça-feira pelo seu director-nacional adjunto, Pedro Carmo, mantém-se à disposição do Ministério Público para efectuar qualquer procedimento suplementar considerado necessário.

“A Polícia Judiciária continua à disposição do Ministério Público (…) até que o inquérito seja encerrado sob a decisão do Ministério Público”, disse Pedro Carmo nas declarações que prestou à comunicação social.
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