Poluição nos rios Lis e Lena diminui, mas alguns valores ainda são elevados

As análises realizadas entre 2022 e 2025 às águas superficiais dos rios Lis e Lena, em Leiria, evidenciam uma melhoria da qualidade, mas os níveis de contaminação de alguns parâmetros ainda são elevados, com focos identificados.

Lusa /

O relatório das análises efetuadas na Bacia Hidrográfica do Lis pelos Serviços Municipalizados de Água e Saneamento (SMAS) de Leiria, apresentado na reunião de câmara de hoje, demonstra que o rio Lis na confluência do rio Lena e a zona de Pinheiros - Porto Moniz (rio Lena) são os pontos de poluição mais elevados de Escherichia coli (E.coli) e de enterecocos.

Segundo os dados divulgados, no primeiro ponto, o parâmetro mais elevado chegou a registar 1.986.000 NMP/100ml de E.coli, quando o valor "razoável" se situa entre os 2.000 e os 20.000. Para a água apresentar uma qualidade "excelente", os valores não poderiam ultrapassar os 20NMP/100ml. Em Porto Moniz, as análises chegaram a detetar 774.600 NMP/100ml.

O vereador com o pelouro do Ambiente na Câmara de Leiria, Luís Lopes, disse à Lusa que este foco de poluição está relacionado com o "saneamento e águas pluviais, estações de tratamento de águas residuais (nomeadamente a ETAR de Olhalvas), ligações indevidas aos cursos de água, descargas indevidas, práticas irregulares industriais e agrícolas, afluentes e coletores de águas pluviais", entre outras, que derivam para os dois rios.

O autarca sublinhou que se tem verificado um "trabalho constante do Serviço de Vigilância Ambiental, da Brigada de Proteção Ambiental da PSP, do Serviço de Proteção da Natureza e do Ambiente da GNR, dos SMAS, da Águas do Centro Litoral, Valorlis e de outras entidades" na "monitorização, identificação, fiscalização e correção de problemas".

A Câmara de Leiria tem também procurado desenvolver trabalhos de "retificação e melhoria de algumas infraestruturas de águas pluviais e saneamento".

Os níveis de amónia também foram mais elevados nos pontos de recolha do rio Lena (Porto Moniz e Ponte das Mestras). Nas três hortas municipais os valores deste parâmetro também estão altos.

Os fosfatos são o parâmetro com piores resultados das águas dos rios Lis e Lena, com valores a triplicarem os níveis mínimos aceitáveis em diferentes pontos de recolha.

"Os fosfatos terão causa, neste caso, em fontes antropogénicas que incluem o uso de fertilizantes na agricultura, descargas de esgotos e o uso de detergentes", explicou Luis Lopes.

O vereador do Ambiente defende, por isso, a necessidade de "atuar em todas estas origens, usos e locais de forma a diminuir gradualmente a presença de fosfatos nas massas de água".

Relativamente aos nitratos, os dados evidenciam valores praticamente baixos em quase todos os pontos de recolha de amostras. O ph da água encontra-se em níveis de "excelente".

O SMAS fez uma monitorização entre 2022 e 2025 em 15 pontos de colheita ao longo de cerca de sete quilómetros (km) do rio Lis e de 1,5 km do rio Lena e em três hortas municipais.

"Verificamos uma tendência de melhoria da qualidade de águas superficiais dos cursos de água analisados, o Lis e o Lena, ainda que com tendências mais favoráveis para alguns dos parâmetros avaliados", constatou o autarca.

Luís Lopes considerou que "estes dados devem ser interpretados com muita responsabilidade e compromisso", assegurando a "monitorização e ações que permitam consolidar e manter a qualidade de água destas massas".

Para o autarca, "durante décadas os rios foram na prática canais de esgotos domésticos e industriais a céu aberto, sem controlo ou fiscalização". O objetivo agora é a "inversão e recuperação destas massas de água", de modo que as ações sejam consequentes.

"Identificação das fontes de poluição difusas, operação das infraestruturas de tratamento de águas residuais, infraestruturas de saneamento básico, episódios eventuais de descargas em massa de água, reforço de monitorização e fiscalização, capacitação, sensibilização e educação da comunidade" são medidas preconizadas pelo vereador.

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