Porto já procura no estrangeiro adoptantes para animais abandonados

O Movimento Internacional em Defesa dos Animais (Midas) alertou hoje para um aumento "preocupante" do número de animais de companhia abandonados no Grande Porto, adiantando que já optou por procurar adoptantes no estrangeiro.

Agência LUSA /

"Já mandei alguns para a Alemanha e para a Áustria, onde há outro respeito pelos direitos dos animais", contou a dirigente do Midas/Matosinhos, Maria de Lurdes Rocha.

A generalidade das associações de acolhimento e tratamento de animais abandonados na região do Porto tem a sua capacidade esgotada, sendo esse o caso da Midas/Matosinhos, que alberga actualmente 150 cães.

Alguns amigos dos animais estão a tentar suprir essa lacuna, albergando em suas casas um elevado número de cães e gatos abandonados na via pública, em condições que a dirigente do Midas admite não serem as melhores.

Um dos casos é o de Benvinda Maria, habitante de Francelos, Gaia, que tem 20 cães na sua residência e confessa não saber o que lhes fazer, mas também não se conforma com a hipótese de os entregar ao canil municipal, para abate.

Uma vistoria sanitária à habitação desta cidadã concluiu que não tinha condições "sanitárias" para albergar tantos animais, dando- lhe um prazo até ao final da primeira semana de Abril para os entregar para abate ou para adopção.

O mesmo dilema enfrenta uma sua vizinha, que acolheu 12 cães encontrados na rua, contou Benvinda Maria.

"Estamos afeiçoadas aos animais e não queremos, de modo algum, que sejam abatidos. Mas também não conseguimos encontrar instituição que os possa acolher", disse.

"A nossa esperança está nos apelos que algumas pessoas amigas estão a fazer pela Internet no sentido de encontrar adoptantes", afirmou.

Segundo a dirigente do Midas Maria de Lurdes Rocha, a crise social que se sente na região, uma das mais flageladas pelo desemprego, é uma das responsáveis pelo crescendo de animais abandonados de companhia deixados na via pública.

"Se uma família é atingida pelo desemprego, o cão lá de casa é o primeiro a pagar a factura. Daí, em parte, o aumento preocupante de animais de estimação abandonados ultimamente", disse a dirigente.

A mudança de muitas famílias de habitações térreas para pequenos apartamentos, onde é proibido ter animais, é outra razão apontada para o abandono de animais de companhia.

Maria de Lurdes Rocha disse ainda que os próprios veterinários municipais "contribuem" para a situação, porque geralmente "esquecem" a promoção da adopção dos animais, uma das suas obrigações legais.

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