Portugal antecipa análises de ADN a amostras de carne de vaca

A Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) está a recolher desde terça-feira amostras de produtos à base de carne de vaca para testes de ADN, tendo-se assim antecipado a uma recomendação da Comissão Europeia, adiantou na última noite o Ministério da Agricultura. Até ao momento, segundo o secretário de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar, Nuno Vieira e Brito, não foi detetado em Portugal qualquer caso de comercialização de carne de cavalo com rótulo de vaca.

RTP /
Uma técnica do Instituto de Controlo Alimentar de Krefeld, no Estado alemão da Renânia do Norte-Vestefália, procede a testes com uma amostra de carne Ina Fassbender, Reuters

O Executivo comunitário decidiu ontem recomendar a todos os países-membros da União Europeia a realização de testes de ADN a produtos processados com carne de vaca. Em Portugal, de acordo com o Governo, a recolha de amostras está em curso desde terça-feira.
O Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território sustenta estar em causa “um crime de fraude económica, quer quanto à origem, quer quanto à composição do produto, bem como quanto à rotulagem”.

“A carne de cavalo não representa nenhum perigo para a saúde pública”, acrescenta a tutela.


A ASAE está a “acompanhar e a monitorizar a situação” e a Secretaria de Estado da Alimentação e Investigação Agroalimentar “salvaguardará sempre a segurança alimentar e a defesa do consumidor em Portugal”, sublinhava na noite de quarta-feira um comunicado com a chancela do Ministério de Assunção Cristas.

Ouvido pela Antena 1, o secretário de Estado da Alimentação adiantou que, por enquanto, não foi detetada carne de cavalo em produtos com o rótulo de bovino.

“A ASAE, através das suas equipas, fez um levantamento por refeições, preparados para refeições à base de carne de vaca, por uma análise de risco, proveniente de países de leste, e fez essa recolha no sentido de fazermos esses testes de ADN. Até agora não temos nenhuma confirmação de caso positivo e continuaremos a monitorizar essa questão muito de perto”, indicou Nuno Vieira de Brito.

Retomando o conteúdo da nota do Ministério da Agricultura, o secretário de Estado frisou que se trata de “uma fraude económica”: “Estamos a falar de uma situação de carne de cavalo por carne de vaca e estamos a falar, portanto, também de uma questão de rotulagem mal identificada e mal feita. Não é uma questão de saúde pública”.
Testes à escala comunitária
A fraude começou a ser desvendada na semana passada com a descoberta, no Reino Unido, de lasanhas ultracongeladas da marca Findus com carne de cavalo, embora rotuladas como contendo vaca. Os produtos em causa continham entre 60 a 100 por cento de carne de cavalo proveniente da Roménia. O escândalo alastra-se, desde então, pela Europa.

A Comissão Europeia pediu ontem aos 27 países-membros para que procedam a testes de ADN em amostras de produtos com carne de vaca. Uma recomendação que será oficializada na sexta-feira. No termo de uma reunião ministerial em Bruxelas, o comissário europeu para a Saúde e Política do Consumidor, Tonio Borg, disse esperar que os primeiros resultados globais das análises sejam tornados públicos em abril.

Poderão ser recolhidas, ao todo, 2500 amostras de produtos comercializados na União Europeia. E outras quatro mil amostras em matadouros. Tonio Borg manifestou a expectativa de que as autoridades dos Estados-membros procedam, no caso dos matadouros, a testes de despistagem da substância fenilbutazona, um anti-inflamatório que terá sido administrado a milhares de cavalos vendidos para abate.

O Executivo comunitário deverá ainda repensar as regras de etiquetagem de produtos à base de vaca, de modo a aclarar a origem da carne. A coordenação de inquéritos criminais abertos em diferentes países europeus, para o apuramento da origem do esquema fraudulento, deverá caber à Europol – a estrutura europeia de polícia.
PUB