Portugal com média de transplantes pulmonares em 2008 inferior à europeia
Lisboa, 22 Jan (Lusa) - Portugal é um dos melhores do Mundo na área dos transplantes, mas em matéria de transplante pulmonar os dados de 2008 revelam a realização de apenas quatro, o que coloca o país abaixo das médias europeias.
Os dados da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação indicam que Portugal tinha em 2008 uma taxa de transplante pulmonar de 0,37 por cento, enquanto as taxas médias europeias em 2007 eram de 2.28.
Em Espanha foram feitos 13 transplantes pulmonares, seis dos quais em portugueses.
"É um problema que está muito bem diagnosticado e que vamos resolver", disse hoje em conferência de imprensa a coordenadora nacional das Unidades de Colheita de Órgãos Tecidos e Células para a Transplantação, Maria João Aguiar.
Segundo Maria João Aguiar, vai ser criada este ano uma nova unidade de transplante de pulmão localizado em Coimbra que, tal como o actual e único hospital que efectua esses transplantes (Santa Marta, em Lisboa), terá capacidade para efectuar 15 transplantes.
João Rodrigues Pena, director-geral da Autoridade para os Serviços de Sangue e da Transplantação, referiu no mesmo encontro que o problema deverá solucionar-se dentro de cinco anos, quando a segunda unidade estiver a funcionar em pleno.
"O problema resolve-se com a abertura de um novo centro em Coimbra e com mais meios humanos em Santa Marta ", disse João Rodrigues Pena.
No que se refere à transplantação de outros órgãos, as taxas portuguesas são muito superiores às médias europeias.
Ao nível do transplante renal, a taxa é de 49.4, enquanto a europeia se situa nos 34.2, no hepático é de 25.75 quando a média europeia se situa nos 9.31.
Nos transplantes cardíacos a taxa portuguesa é de 3.96 contra 3.45 europeia e nos pancreáticos de 1.3, contra os 0.9 europeus.
Portugal registou em 2008 um aumento do número de dadores cadáver de órgãos para transplantes, passando de uma taxa de 23,9 para 26,7 por milhão de habitantes, dados que, segundo Maria João Aguiar, farão o país subir ainda mais no global da Europa, onde ocupa o quarto lugar.
Segundo a responsável, Portugal tem uma rede de colheita que funciona com base em gabinetes em cinco grandes hospitais.
O grande crescimento foi registado na zona Centro, logo seguido da zona Norte. Já na região Sul, a colheita sofreu um decréscimo.
No Norte há 25,2 dadores por milhão de habitantes, enquanto no Centro (onde todos os hospitais são activos na colheita de órgãos) a taxa é de 36,2, valor que, segundo Maria João Aguiar, é superior aos melhores do mundo, que são os espanhóis.
No Sul, existem 23,5 dadores por milhão de habitantes: apesar de haver novos dadores e de um aumento da doação no hospital de S. José (Lisboa), houve uma diminuição nos hospitais periféricos, explicou a responsável.
"Temos o diagnóstico feito, temos de trabalhar estes hospitais e de motivar os seus profissionais para que todos sejam activos, porque os receptores da zona Sul estão a ser menos transplantados do que os da zona Centro, por exemplo", frisou.
GC.
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