Portugal é o país com menor taxa de disfunção ejaculatória da Europa

Portugal é o país da Europa com menor taxa de disfunção ejaculatória (ejaculação precoce ou tardia), de acordo com os estudos sobre problemas sexuais publicados na Europa, afirmou hoje o presidente da Sociedade Portuguesa de Andrologia.

Agência LUSA /

Falando a propósito do estudo de avaliação da disfunção sexual masculina em Portugal, hoje apresentado, o presidente da SPA afirmou que o dado que mais o surpreendeu foi o de Portugal ter menor prevalência de disfunções ejaculatórias do que os outros países da Europa, em relação aos quais há estudos publicados.

As disfunções ejaculatórias, que em Portugal afectam 11,6 por cento da população masculina, continuam contudo a motivar poucas idas ao médico, ao contrário das disfunções erécteis que levam cada vez mais os homens a procurar profissionais de saúde, afirmou o especialista.

Mesmo assim comparativamente ao número de homens que este estudo veio revelar terem disfunções erécteis (459 mil) são muito poucos os que procuram ajuda médica (entre 12 a 15 mil por ano).

Em relação às disfunções sexuais no global, entre 23 e 24 por cento da população masculina tem-nas, mas apenas entre três e cinco por cento é que consultam um médico.

Isto acontece, na opinião do médico, porque a maior parte dos homens adapta-se ao problema, porque o valor que as patologias sexuais têm na vida das pessoas não é comparável com outras doenças crónicas (como cancro, diabetes ou pedra nos rins) que provocam dor e sofrimento, levando o doente a procurar ajuda.

Nuno Monteiro Pereira sublinha porém a importância de procurar ajuda profissional, porque por vezes uma disfunção sexual pode ser um primeiro sinal de outras patologias subjacentes, como o cancro da próstata ou a diabetes, sendo fundamental fazer a despistagem.

Outra conclusão do estudo que Nuno Monteiro Pereira afirma tê-lo surpreendido prende-se com a taxa de diminuição de desejo, que afecta 15,5 por cento dos homens portugueses, sendo a principal disfunção sexual apresentada pelos inquiridos.

No entanto, o especialista admitiu que esta não foi uma grande surpresa, porque "há poucos estudos sobre o desejo - é muito difícil de estudar - porque é extremamente complexo, sobretudo nas mulheres".

Precisamente devido à escassez de estudos sobre a alteração do desejo, Nuno Monteiro Pereira sublinhou que não há certezas sobre se este problema tem vindo a aumentar entre a população portuguesa, mas que "há a percepção de que hoje em dia cada vez mais doentes recorrem à consulta, com diminuição do desejo".

Os factores que concorrem para este problema são a ansiedade, o stress e o consumo de medicamentos anti-depressivos, podendo-se especular sobre outras causas possíveis como o facto de as mulheres estarem mais agressivas do ponto de vista sexual, o que em alguns casos poderá causar a inibição dos homens, explicou.

Mas a perda do desejo tem sobretudo a ver com o avançar da idade, afirmou, salientando porém que entre os jovens se verifica algum aumento de alterações do desejo motivado pelo consumo de alguns tipos de droga.

"Nos jovens há um factor terrível de diminuição do desejo que é o ecstasy, um problema agravado pelos graus preocupantes de imaginação dos jovens: antigamente era ecstasy com bebidas energizantes, agora é ecstasy, mais bebidas energizantes, mais inibidores da fosfodiesterase (medicamentos para aumentar a potência sexual)", afirmou Nuno Monteiro Pereira.

"Há rapazes e raparigas de 20 anos com o desejo sexual definitivamente afectado", acrescentou.

A SPA, com o apoio dos Laboratórios Pfizer, levou a cabo um estudo epidemiológico sobre as disfunções sexuais em Portugal, tendo hoje sido apresentados os dados referentes aos homens.

Segundo Monteiro Pereira, os dados femininos ainda não foram trabalhados, pelo que não puderam ser apresentados.

Contudo, Monteiro Pereira adiantou que as conclusões preliminares apontam para uma prevalência de disfunções sexuais femininas bastante superior à dos homens.

As disfunções sexuais nas mulheres são desejo hipoactivo (falta de desejo sexual), a mais frequente, diminuição do orgasmo, diminuição da lubrificação vaginal e dores nas relações sexuais.

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