Portugal mantém taxa de HIV três vezes superior à média europeia

O país registou em 2024 um total de 997 casos de infeção por HIV, menos do que no ano anterior, mas mais de metade dos diagnósticos ocorreram tardiamente.

RTP /
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Portugal continua a registar uma das taxas anuais de diagnóstico de HIV mais elevadas da União Europeia - cerca do triplo da média -, apesar da tendência de descida verificada na última década. Os dados contam do relatório Infeção por HIV - 2025, divulgado esta quinta-feira pela Direção-Geral da Saúde, a poucos dias do Dia Mundial da Luta contra a Sida, assinalado a 1 de dezembro.

Bárbara Flor de Lima, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana/Sida (VIH), partilhou com a agência Lusa que foi verificada uma redução do número de casos de VIH em 2024, comparativamente a 2023.

Mantém-se “globalmente a tendência decrescente nos últimos anos relativamente aos novos diagnósticos”, embora 54 por cento destes ainda sejam tardios
.

Os casos assintomáticos são os mais predominantes (58,5 por cento), mas a apresentação aos cuidados de saúde foi tardia em 53,9 por cento dos casos. As pessoas a partir dos 50 anos são as mais afetadas (65,4 por cento).

Bárbara Flor de Lima salienta a importância de aumentar a testagem e o rastreio, particularmente nas pessoas com 50 anos ou mais, e nos homens com transmissão heterossexual (67,6 por cento).O rácio apurado no relatório da DGS é de 8,8 casos por 100 mil habitantes.

A maioria dos diagnósticos ocorreu em homens, numa proporção de 2,7 casos por cada caso em mulheres. Já a média de idades situa-se nos 37 anos, em que quase 28 por cento tinham menos de 30. Entre estes, 68,7 por cento dizem respeito a homens que têm sexo com outros homens (HSH)

A transmissão sexual continua a ser responsável pela esmagadora maioria das infeções (97 por cento), predominando a via heterossexual. A Grande Lisboa é a região com mais novos diagnósticos, seguida da Península de Setúbal e da Madeira.

Em relação à Sida, foram confirmados 194 novos casos em 2024 - 1,8 por 100 mil habitantes - acima dos dois anos anteriores. Ainda assim, desde 2015 os novos diagnósticos diminuíram 43 por cento.

Entre 1983 e 2024, Portugal registou mais de 66 mil casos de VIH e mais de 16 mil óbitos. Atualmente, a maioria das mortes ocorre por outras causas, como neoplasias e doenças cardiovasculares, muitas vezes relacionadas com a infeção por VIH.

Bárbara Flor de Lima reforça que a importância do diagnóstico precoce, rastreio regular e práticas sexuais seguras continuam a ser essenciais para travar a infeção.

c/ Lusa
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