Ivete Pereira, de 53 anos e natural de Leiria, não resistiu a uma fuga de gás que ocorreu no sótão da sua casa, onde esteve presa durante três dias após a passagem do furacão.

"A minha mãe ligou-me para o telemóvel e disse-me que estava presa no sótão com a minha irmã, de 11 anos. Telefonei 27 vezes para os serviços de socorro, mas chegaram tarde", disse a filha da emigrante.

Vanessa Pereira explicou que a irmã, Alexandra, respirou ar puro através de um buraco que existia no sótão e foi socorrida por um barco que passou e a levou para o hospital em estado de choque.

A luso-descendente mostra-se agora revoltada com a actuação das autoridades norte-americanas.

"A situação foi tratada como se não fossemos pessoas, mas sim animais de rua", disse.

Vanessa Pereira, de 27 anos, e o marido também residiam em Nova Orleães, mas abandonaram a cidade na véspera do Katrina atingir a costa do estado do Luisiana.

Com família em Lisboa, a luso-descendente não tem como a contactar porque todos os números de telefone da sua mãe perderam-se no furacão.

Agora, sem casa, sem emprego e com a irmã de 11 anos ao seu encargo, Vanessa Pereira está em Houston, no Estado do Texas, onde foi recolhida pela família do seu marido.

Contactado pela Agência Lusa, o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros remeteu para mais tarde quaisquer informações sobre a morte da portuguesa em Nova Orleães.