Portugueses estão a comprar menos produtos para deixar de fumar
Lisboa, 30 Mai (Lusa) - Os portugueses estão a comprar menos produtos para deixar de fumar, apesar de o tabaco ser proibido desde Janeiro na maioria dos espaços. A nova legislação não parece ter aumentado a vontade de largar o vício.
Desde o início do ano, os fumadores gastaram mais de três milhões de euros em medicamentos, adesivos e pastilhas de nicotina, segundo dados da consultora IMS Health, a que a Lusa teve acesso.
Nos primeiros quatro meses de 2008, foram vendidas cerca de 108 mil embalagens, menos onze mil do que em igual período de 2007, quando a lei ainda não vigorava.
Já nas consultas de cessação tabágica, destinadas a pessoas com maior grau de dependência, a Direcção-Geral de Saúde (DGS) garante ter-se registado um aumento da procura, embora não tenha dados actualizados.
Em todo o país, o número de consultas em hospitais e centros de saúde passou de 180 no final do ano passado para cerca de 215 actualmente. Segundo Emília Nunes, da DGS, "a maioria não tem lista de espera".
Especialistas consideram que as consultas com acompanhamento de médicos, enfermeiros, psicólogos e nutricionistas são a melhor forma de conseguir deixar de fumar.
Um estudo realizado recentemente por Lourdes Barradas, do Instituto Português de Oncologia de Coimbra, revela que apenas sete por cento dos fumadores que tentar deixar o vício sem ajuda médica se mantêm abstinentes ao fim de um ano.
No entanto, a taxa de sucesso das consultas de cessação tabágica não é muito mais animadora: em média, só um quarto dos fumadores consegue deixar de o ser.
"Não é possível tratar ninguém que não quer efectivamente ser tratado e os fumadores são muito ambivalentes: querem e não querem deixar de fumar ao mesmo tempo. Em média, a taxa de sucesso varia entre os 20 e os 25 por cento", disse à Lusa Sérgio Vinagre, coordenador das consultas de cessação tabágica na Administração Regional de Saúde (ARS) do Norte.
Em Portugal, mais de 1,8 milhões de portugueses são fumadores, de acordo com o último Inquérito Nacional de Sáude, realizado em 2005/06 pelo Instituto Ricardo Jorge e Instituto Nacional de Estatística.
A Organização Mundial de Saúde garante que o tabagismo é a principal causa de morte evitável em todo o mundo.
As doenças provocadas pelo tabaco são anualmente responsáveis pela morte de cerca de 5 milhões de pessoas, um número que deverá duplicar em 2030 se a epidemia não for travada.