Presidente da AAUTAD "estranha" apoio a praxes violentas
O presidente da Associação Académica da Univ ersidade de Vila Real considera "estranho" que quase um terço dos estudantes de Coimbra concorde com praxe académica violenta e diz que esta deve ser uma prátic a integradora dos estudantes.
Bruno Gonçalves, presidente da Associação Académica da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (AAUTAD), reagia à divulgação de um inquérito feito a 2.819 alunos da Universidade de Coimbra, um terço dos quais disse concordar co m a prática de actos de "violência física ou simbólica" no âmbito da praxe acadé mica. O estudante transmontano considera que a praxe "não tem nada a ver com violência" e por isso acha "estranha" a resposta dada pelos alunos de Coimbra.
"É estanho ver-se a praxe desta forma", afirmou.
É que, na opinião de Bruno Gonçalves, a praxe académica desempenha um p apel de "integração" dos novos alunos no seio da academia, permitindo-lhes conhe cer melhor os colegas de curso.
O presidente disse ainda que a AAUTAD também promoveu um inquérito a 1.
250 dos 6.000 dos estudantes que frequentam a academia transmontana, cujos resul tados serão divulgados em Junho.
Referiu que o inquérito feito aos alunos em Maio tinha dez perguntas, d uas das quais de desenvolvimento sobre os aspectos positivos e negativos da prax e, e foi realizado pela empresa de sondagens Euroteste.
"Este estudo teve como objectivo saber o que os estudantes pensam em re lação à praxe para que possam ser corrigidas situações menos agradáveis antes do próximo ano lectivo", salientou.
Esta iniciativa, segundo Bruno Gonçalves, surgiu depois da divulgação d e um inquérito feito a 43 caloiros dos cursos de Gestão e Economia da UTAD que d enunciaram algumas praxes violentas.
"Os 43 alunos não são representativos da opinião dos 1.200 caloiros que este ano entraram para esta universidade. Não se pode espelhar nisto a realidad e da praxe e de todos os alunos", frisou.
Este primeiro inquérito, promovido pelo professor Artur Cristóvão, coor denador do Departamento de Economia, Sociologia e Gestão da UTAD, foi feito em N ovembro e tinha apenas quatro perguntas sobre a praxe académica, designadamente para que serviu, coisas engraçadas, coisas sem graça mas aceitáveis e coisas ina ceitáveis.
Nas conclusões deste estudo os alunos dizem ter sido obrigados a simula r "posições sexuais em público", "andar de joelhos em piso de pedra e rastejar n a lama", "andar à chuva e ficar molhado todo o dia", "comer alho, cebola e malag ueta", "levar com porcaria em cima", entre outros.
Segundo Artur Cristóvão, o "sentimento da esmagadora maioria dos alunos que responderam é de que a praxe dura demasiado tempo, é humilhante, degradante , cansativa, geradora de problemas de saúde e prejudicial para a organização da vida pessoal e do estudo".
Bruno Gonçalves reconheceu que existem "excessos que de ano para ano es tão a ser atenuados", como por exemplo o longo tempo de duração da praxe, que ac tualmente é de um mês e meio, e a proibição de fazer praxes individuais.
Explicou que a praxe na UTAD é regulamentada pelo Conselho de Veteranos , do qual fazem parte alunos com cinco ou mais matrículas.
"Se os alunos da UTAD nos derem respostas idênticas aos inqueridos em C oimbra, teremos que tomar medidas radicais porque a praxe não é isto, não é viol ência", frisou.