Procurador-Geral denuncia 40 pessoas envolvidas no escândalo "mensalão"
O procurador-geral da República do Brasil, Antonio Fernando Souza, apresentou uma denúncia no Supremo Tribunal Federal contra 40 pessoas, entre políticos, empresários e funcionários públicos, por envolvimento no esquema do "mensalão", foi divulgado.
No seu relatório, o representante do Ministério Público Federal afirma que o esquema era operado por uma "organização criminosa" dirigida pelo Partido dos Trabalhadores (PT) e que o "chefe do organograma delituoso" era o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
Na lista de acusados constam ainda o ex-ministro da Secretaria de Comunicação do Governo Luiz Gushiken, três ex-dirigentes do PT, o empresário Marcos Valério de Souza, o operacional do "mensalão", e o publicitário Duda Mendonça, responsável pela campanha de Lula da Silva à Presidência em 2002.
A denúncia foi apresentada ao Supremo Tribunal Federal no dia 30 de Março.
Em 136 páginas, Antonio Fernando Souza descreve a existência de três núcleos do esquema, político-partidário, publicitário e o financeiro.
O primeiro pretendia garantir a permanência do PT no poder com a compra de apoio político de outros partidos e com financiamento irregular de campanhas eleitorais.
O segundo núcleo era dirigido pelo empresário de publicidade Marcos Valério e o seu objectivo era receber vantagens indevidas de figuras integrantes do Governo federal.
O núcleo financeiro seria formado por dirigentes do Banco Rural, interessados também em vantagens indevidas.
O documento coincide com o relatório final da comissão de investigação do congresso, que confirma a existência do "mensalão".
Aprovado na semana passada, o relatório pede o indiciamento da maioria das pessoas já denunciadas ao Supremo pelo procurador-geral.
Vários acusados, como os ex-ministros José Dirceu e Gushiken e o ex-presidente do PT José Genoíno, garantiram ser inocentes e disseram que vão defender-se na Justiça.
O "mensalão", esquema de distribuição de dinheiro a parlamentares pelo "saco azul" do PT, foi denunciado em Junho de 2005 pelo ex-deputado Roberto Jefferson, do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), e as acusações levaram à maior crise política no Brasil dos últimos 10 anos.
A revelação do esquema causou a demissão de mais de 50 dirigentes de empresas estatais e de ministros do Governo Lula da Silva, assim como o afastamento de toda a direcção executiva do PT no ano passado.