Produção de ouro em Portugal aguarda confirmação de estudos preliminares animadores
A produção de ouro em Portugal, inexistente desde 1992, quando encerraram as minas de Jales, pode ser retomada em breve, caso se confirmem os dados animadores dos estudos preliminares, que estão a atrair empresas mineiras estrangeiras, especialmente canadianas.
O potencial de Portugal na produção de ouro é conhecido desde tempos longínquos e foi largamente aproveitado pelos romanos enquanto ocuparam o actual território nacional, mas nas últimas décadas praticamente deixou de ser explorado.
A última mina de ouro portuguesa fechou em 1992, em Jales, Vila Pouca de Aguiar, na região transmontana, mas a situação parece estar agora a inverter-se com o crescente interesse de empresas mineiras estrangeiras.
Esta aparente aposta na produção de ouro em Portugal ocorre numa altura em que o preço deste metal precioso tem vindo a subir, apontando as previsões dos especialistas para que esta tendência se mantenha.
A instabilidade em várias regiões do planeta e a crescente procura de ouro em economias emergentes, como a China e a Índia, são dois dos factores que apontam para previsível manutenção da subida do preço do metal amarelo.
Os canadianos da Kernow Mining, seguindo a estratégia de que o melhor local para procurar uma mina de ouro é onde existia uma no passado, estão a investir em Limarinho, Boticas, onde os romanos exploraram ouro entre os séculos I e IV dC.
A Kernow Mining tenciona investir cerca de 100 mil euros em novas prospecções, mas admite poder vir a disponibilizar mais de 20 milhões de euros nesta zona, onde identificou um potencial de sete toneladas de ouro.
Esta empresa está também a estudar as potencialidades da exploração de ouro numa zona da Gralheira, nas imediações das antigas minas de Jales, onde identificou um potencial mineiro de 14 toneladas de ouro, admitindo um investimento de cerca de 15 milhões de euros.
Do Canadá vieram também a Colt Capital, que vai estudar as potencialidades de uma mina de ouro desactivada há cerca de meio século em Penodono, e a Redcorp Ventures, que está interessada na exploração de ouro numa zona em Vila de Rei, onde prospecções preliminares apontam para a existência de depósitos de ouro.
As potencialidades portuguesas despertaram também o interesse do outro lado do globo, estando a australiana Iberian Resources a analisar a possível exploração de uma zona em Montemor-o-Novo, onde prevê investir cerca de 20 milhões de euros.
Nos trabalhos já realizados, a empresa australiana identificou reservas de 11 toneladas de ouro, mas o potencial mineiro poderá ser muito superior.
A Iberian Resources pretende também realizar trabalhos de prospecção e pesquisa de ouro na região de Portalegre.
Neste quadro de retoma da exploração de ouro em Portugal, a reactivação das antigas minas de Jales e do complexo mineiro de Trêsminas, ambos em Vila Pouca de Aguiar, tem vindo também a ser estudadas.
As minas de Jales foram desactivadas em 1992 devido à descida da cotação do ouro, à baixa produtividade e à degradação dos equipamentos, mas os especialistas admitem que o filão ainda existente naquela que era uma das mais importantes estruturas mineiras do país seja de grande importância, o que pode viabilizar a sua exploração.
Por outro lado, têm também existido manifestações de interesse na reactivação da exploração de ouro em Trêsminas, que foi um dos maiores complexos mineiros do mundo romano, tendo estado em actividade até à segunda metade do século II dC.
Na região de Valongo e Gondomar, arredores do Porto, a exploração de ouro também é conhecida há muitos séculos, existindo ainda vestígios dos trabalhos ali realizados pelos romanos.
Estes vestígios são particularmente abundantes nas serras de Santa Justa, Pias, Santa Iria e Banjas, onde algumas destas minas ainda estava particularmente activas no século XIX.
Nos últimos anos, algumas empresas mineiras manifestaram interesse em reactivar estas explorações de ouro, mas ainda nenhuma concretizou essa intenção.
A produção de ouro em Portugal já poderia ter recomeçado há alguns anos, caso se tivesse concretizado um projecto em Castromil, Paredes, que acabou por ser travado por questões ambientais.