Projecto comunitário dá a conhecer ecossistema da bacia do Vouga

O ecossistema da parte da bacia do Vouga situada na região de Lafões, rica em espécies exclusivas daquela zona e ameaçadas, vai ser valorizado e divulgado junto das populações e turistas, segundo um projecto comunitário hoje apresentado.

Agência LUSA /

O projecto Waterwaysnet, que visa a valorização estética e ecológica das paisagens ligadas à água, é financiado pelo programa comunitário Interreg III-B e conta com oito parceiros de Portugal, França, Espanha, Inglaterra e Irlanda.

Em Portugal, será dinamizado pela Associação de Desenvolvimento do Dão, Lafões e Alto Paiva (ADDLAP) e pelas três autarquias onde se irá centrar - S. Pedro do Sul, Vouzela e Oliveira de Frades.

Os objectivo são, segundo o investigador da ADDLAP Paulo Pereira, promover o turismo ecológico, levar a população local a usar o rio como um sítio de lazer e passeio, "abrir portas" para a educação ambiental e sensibilizar os decisores para o património que representa.

Haverá um percurso pedestre ao longo do Rio Vouga que ligará as três sedes municipais e três centros de interpretação que, apesar de serem financiados por outros projectos, terão conteúdos informativos do Waterwaysnet.

Junto aos centros de interpretação haverá percursos de cerca de um quilómetro que poderão ser feitos, por exemplo, pelas escolas.

Segundo o responsável, será também recuperado património existente, nomeadamente azenhas, moinhos, levadas e uma estação ferroviária e colocada sinalização, "para que quem passe num raio de cem quilómetros dos percursos seja informado da sua existência".

Paulo Pereira explicou que essas intervenções acontecerão junto a três rios da região, mas os dados disponibilizados relativamente ao património biológico dirão respeito a toda a bacia do Vouga na região de Lafões.

Haverá uma base de dados da biodiversidade, com uma lista de espécies por cada freguesia, e será feito um livro branco que pretenderá "ver quais as ameaças que se colocam e propor soluções", acrescentou.

O investigador explicou que a bacia do Vouga integra linhas de água bem conservadas que assumem grande importância para as populações de libelinhas, lontras, toupeiras-de-água, lagartos-de-água e salamandras lusitânicas e pássaros como o guarda-rios e o melro real.

"A maior parte destas espécies ou é específica desta zona ou a sua preservação é considerada prioritária.

Só a sua existência já justificava a valorização do ecossistema", frisou Paulo Pereira, explicando que na flora se encontram espécies como o loendro, o narciso e o carvalho real.

As espécies consideradas "mais relevantes" terão sempre "mapas de distribuição que permitirão ver até que ponto a espécie está ameaçada", acrescentou.

Por exemplo, a salamandra lusitânica apenas pode ser encontrada nas Astúrias, Galiza e Norte de Portugal, sendo considerada o anfíbio ibérico mais ameaçado.

A informação sobre as espécies e a paisagem poderá ser encontrada não só nos centros de interpretação, mas também em meia centena de painéis que serão colocados ao longo dos percursos.

"As pessoas devem perceber que o património é único, não estamos a falar de algo que há em toda a Europa", sublinhou.

O projecto Waterwaysnet decorre até 2006.

Os centros de interpretação estão actualmente a ser candidatados a outros programas, mas, em princípio, devem estar concluídos no prazo de dois anos, estimou.

PUB