Proteção Civil mantém em 64 o número de vítimas de Pedrógão Grande

por RTP
Pedro A. Pina - RTP

A Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC) reiterou esta segunda-feira que desconhece a existência de mais vítimas além das 64 confirmadas pelas autoridades no incêndio de Pedrógão Grande. Uma posição que surge depois de o jornal i divulgar uma lista que já inclui mais de 80 mortos, dos quais 73 estão confirmados pelas famílias com nomes completos, localidade e local da morte.

“O número final de vítimas mortais do incêndio de Pedrógão está contabilizado em 64 vítimas. Estamos a falar, sobretudo, das vítimas com queimaduras e inalação de fumos. Estes foram os critérios que foram definidos e estes são os números apurados: 64 vítimas mortais”, disse Patrícia Gaspar, da ANPC, aos jornalistas. E sublinhou que o registo teve por base critérios definidos pelas autoridades competentes.

“Todas as situações posteriores que possam surgir terão que ser obviamente avaliadas por aquelas que são as autoridades com competência nesta matéria. Volto a repetir: saúde e medicina legal”, concluiu a responsável da ANPC.

O jornal i divulga a lista de vítimas mortais, em constante atualização. Isabel Monteiro, empresária de 57 anos, natural de Lisboa, decidiu ir para o terreno contar as vítimas e reuniu uma base de dados onde já inscreveu mais de 80 mortos, dos quais 73 estão confirmados pelas famílias com nomes completos, localidade e local da morte.

A intenção desta empresária era criar uma lista de vítimas para a criação de um memorial na Estrada Nacional 236, conhecida como estrada da morte, mas foi ao recolher a informação junto das famílias, funerárias, bombeiros e dados da comunicação social que Isabel Monteiro constatou que o número de vítimas mortais seria superior ao número oficial divulgado pelas instituições do Estado.

A notícia surge dias depois de o Expresso escrever que a lista de 64 mortos do incêndio de Pedrógão Grande exclui vítimas indiretas e que houve pelo menos 65 mortos.
"Parece macabro mas tive de o fazer"
De acordo com a empresária, citada pelo i, o número de mortos será ainda maior do que os 73 nomes que já terá confirmado. Isabel Monteiro diz mesmo que o número pode ultrapassar uma centena.

“Ao verificar se os dados da imprensa estavam corretos, comecei a ir de família em família, a abordar bombeiros e cheguei a contar as campas frescas de um dos cemitérios para confirmar que os números são superiores. Parece macabro mas tive de o fazer”.

No fim de semana, o primeiro-ministro garantiu que os números conhecidos eram os corretos e vincou que "já está tudo esclarecido".

António Costa sublinhou, uma vez mais, que o número foi validado pelo Instituto de Medicina Legal.

O incêndio que deflagrou em Pedrógão Grande no dia 17 de junho provocou - oficialmente - 64 mortos e mais de 200 feridos. Só foi dado como extinto uma semana depois.

A RTP contactou o Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses para obter esclarecimentos, mas o assunto foi encaminhado para o Ministério da Justiça, pelo que aguardamos uma resposta.
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