PS diz que Cavaco tenta apagar imagem de líder do PSD

O PS considerou que a declaração em que Cavaco Silva anunciou a sua candidatura à Presidência da República deixou dúvidas e destinou-se a tentar "descolar" da sua imagem de primeiro-ministro do PSD "arrogante e autoritário".

Agência LUSA /

Na reacção ao anúncio da candidatura presidencial de Cavaco Silva, o porta-voz da Comissão Permanente do PS, Vitalino Canas, disse ter "pouco significado" a garantia dada pelo ex-líder do PSD de que, se for eleito chefe de Estado, apenas dissolverá o Parlamento ou demitirá o Governo em circunstâncias muito excepcionais.

"Nos termos da Constituição da República, o Parlamento só é dissolvido, ou o Governo demitido, em circunstâncias excepcionais", referiu Vitalino Canas, desvalorizando também a intenção de Cavaco Silva suspender a sua filiação no PSD, argumentando que "essa independência" do ex-primeiro-ministro "foi desenhada para a declaração de anúncio da sua candidatura".

"Cavaco Silva está a tentar descolar de uma zona do espectro partidário que sempre foi a sua. Cavaco Silva foi presidente do PSD e não apenas um simples militante deste partido.

Cavaco Silva foi primeiro-ministro de três governos constitucionais do PSD, dois deles com maioria absoluta", disse.

Segundo o dirigente socialista, esses governos de Cavaco Silva "foram marcados por atitudes de arrogância e autoritarismo em relação às oposições".

"Não nos cansaremos de lembrar o que foi Cavaco Silva enquanto primeiro-ministro", acrescentou.

Vitalino Canas considerou a declaração de Cavaco Silva "redonda e extremamente vaga, não esclarecendo o que pensa da função presidencial, dos desafios que se colocam ao país em relação aos problemas dos portugueses".

"A única vantagem é que agora temos vários candidatos à Presidência da República e não vários candidatos e um fantasma", disse, embora sublinhando que a declaração do ex-primeiro-ministro deixou "muitas dúvidas sobre o que pretende da função presidencial".

O porta-voz da Comissão Permanente do PS considerou "pouco verdadeira a ideia de afastamento em relação à vida política" que Cavaco Silva pretendeu hoje transmitir.

"É preciso lembrar que Cavaco Silva já procurou ser Presidente da República há dez anos atrás e foi derrotado (por Jorge Sampaio)", disse, dizendo que esse insucesso eleitoral se deveu ao facto de, enquanto primeiro-ministro, ter sido "arrogante, autista e gerador de bloqueios" na vida do país.

Cavaco Silva anunciou hoje a sua candidatura às eleições presidenciais de Janeiro de 2006, que justificou como um "imperativo de consciência" e para "melhorar o clima de confiança" no país.

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