PSD compara contratação de crianças a actividade da Mocidade Portuguesa

por © 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

O PSD exigiu hoje explicações do primeiro-ministro, José Sócrates, sobre a contratação de crianças para uma acção do Governo e comparou a situação à actividade da Mocidade Portuguesa.

"No antigo regime, as crianças eram arrebanhadas pela Mocidade Portuguesa para fazer cenário político, só que não eram pagas", criticou a vice-presidente da bancada social-democrata Zita Seabra, em conferência de imprensa no Parlamento.

Antes da apresentação do Plano Tecnológico da Educação, segunda-feira, no Centro Cultural de Belém, José Sócrates e Maria de Lurdes Rodrigues assistiram a uma demonstração das potencialidades dos quadros interactivos, realizada por um professor e dez crianças recrutadas a uma agência de casting, recebendo cada uma delas 30 euros pelo trabalho.

"Do ponto de vista ético, é bater no fundo (...) estamos no grau zero da política. O primeiro-ministro tem de explicar como é possível levar tão longe a propaganda governamental", criticou.

A deputada do PSD considerou que a questão "é discutível do ponto de vista legal" mas "inadmissível" do ponto de vista ético.

"Em democracia, não é admissível que crianças sejam contratadas e arrebanhadas para figurar na propaganda do Governo", salientou Zita Seabra.

Na segunda-feira, e confrontada pela comunicação social com esta situação, a ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, desvalorizou-a.

"A empresa responsável pela organização desta apresentação propôs fazer uma demonstração no local para que pudéssemos perceber como funcionam os quadros interactivos", explicou a ministra da Educação, considerando que este era um pormenor irrelevante, tendo em conta o investimento e as medidas anunciadas pouco antes pelo Governo.

O Plano Tecnológico da Educação representa um investimento superior a 400 milhões de euros e prevê, entre outras medidas, a instalação em cada sala de aula, a partir de Setembro, de um computador com ligação à Internet, uma impressora e um videoprojector, e, até Abril do próximo ano, de um quadro interactivo por cada duas salas.

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