PSD diz que Portugal vive tempo de "claustrofobia democrática"

por Agência LUSA

O PSD defendeu que Portugal vive um tempo de "claustrofobia democrática e constitucional", considerando que "nunca como hoje se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade".

"Do ponto de vista dos valores processuais da liberdade de opinião e da liberdade de expressão, vivemos, aqui e agora, num tempo de verdadeira claustrofobia constitucional, de verdadeira claustrofobia democrática", acusou o deputado social-democrata Paulo Rangel.

Na sua intervenção na sessão solene do 33 aniversário do 25 de Abril no Parlamento, o deputado do PSD considerou que existem actualmente "ameaças e nebulosas" que "ensombram a qualidade da democracia", nomeadamente ao nível da comunicação social.

"Como garantir e realizar essa democracia de valores, essa república da tolerância e do pluralismo, se nunca como hoje se sentiu uma tão grande apetência do poder executivo para conhecer, seduzir e influenciar a agenda mediática?", questionou.

Para Paulo Rangel, esse "impulso de sedução e domínio" do executivo passa não só pelo "alinhamento e a agenda" dos meios de comunicação social como pelo "controlo mais directo ou indirecto de órgãos de comunicação ou das suas estruturas de gestão", numa referência implícita à nomeação do socialista Pina Moura para a administração da Media Capital.

No entanto, o deputado foi mais longe nas suas críticas: "Não, não só os media, é também a sociedade portuguesa que está condicionada".

"Nunca, como hoje, em décadas de democracia, se sentiu este ambiente de condicionamento da liberdade", acusou.

Como exemplo, Paulo Rangel apontou "a total concentração" dos serviços de segurança numa única pessoa, um secretário-geral, tutelado pelo primeiro-ministro.

"Como aperfeiçoar um sistema democrático, se ao fim de trinta anos de experiência e maturação, esse sistema declina, desliza e derrapa para um modelo simplista e concentracionário do 'Grande Intendente', que tudo supervisiona, tudo tutela, tudo vigia?", questionou.

Apesar de o PS ter discursado depois do PSD, pela deputada Maria de Belém, não houve qualquer resposta na sua intervenção às críticas e acusações de Paulo Rangel.
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