PSD eleva tom das críticas ao Governo

O PSD elevou as críticas ao Governo quanto ao surto de violência grave, pois Montalvão Machado acusou o executivo de dar "sinais de profunda passividade", enquanto Marques Mendes disse que não se pode "desprezar" a autoridade do Estado.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

O líder social-democrata, Marques Mendes, manifestou-se quarta-feira preocupado com os casos de criminalidade violenta, mas alertou para a necessidade de não amplificar estas situações, alegando que Portugal, "no essencial, é um país seguro".

Nesta matéria, salientou que o Governo não deve "desprezar um bem inestimável que é a autoridade do Estado", que passa por "respeitar a lei, fazer cumprir a lei e motivar as forças de segurança".

Para Marques Mendes, que falava em Ponta Delgada, a motivação e prestígio das forças de segurança constituem a única forma de Portugal ser um país cada vez mais seguro.

"Só há uma forma de termos um país cada vez mais seguro, que é ter forças de segurança motivadas e prestigiadas e a agir no terreno com eficácia", adiantou.

Coube hoje ao vice-presidente da bancada parlamentar do PSD Montalvão Machado elevar o tom das críticas neste domínio, censurando os sinais de "profunda passividade" do Governo relativamente aos recentes fenómenos de criminalidade, reclamando "um sinal de autoridade" por parte do executivo.

"O Governo não tem feito tudo quanto baste. A percepção de insegurança que está a criar-se na população deriva da atitude de menosprezo do Governo", afirmou Montalvão Machado, em declarações à Lusa.

Os mais recentes incidentes "não aconteceram pela pouca qualidade das forças policiais, mas pela falta de um sinal de autoridade do Governo", salientou, reiterando as críticas aos "sinais de profunda passividade e tolerância do Governo".

Por sua vez, o presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, do PSD, denunciou hoje a "falta de eficiência" que, em sua opinião, tem sido revelada pelas forças policiais, defendendo que é altura de o Governo se "preocupar" e promover uma reforma profunda que aumente a eficácia.

"O que o país tem assistido, seja ao nível das crianças desaparecidas, dos assaltos a bancos ou das mortes na noite do Porto, é a falta de eficiência revelada pela Polícia", afirmou o autarca, em declarações à Lusa.

Rui Rio, que ainda não se tinha pronunciado sobre questões relacionadas com a segurança desde a morte recente de um empresário da noite portuense, frisou que se "sucedem os casos e a Polícia não dá a resposta que supostamente deveria dar".

Rui Rio deixou claro que esta questão não está apenas relacionada com as mortes ocorridas nos últimos dois meses na noite do Porto, mas com vários casos que têm acontecido em todo o país.

"Não estamos a falar de um ou dois casos, mas de vários casos com variadas características em que a Polícia não teve a eficácia desejada", acentuou.

O presidente da Câmara de Gaia, Luís Filipe Menezes, também do PSD e candidato a líder do partido, manifestou no final de Agosto preocupação com o agravamento da insegurança nos estabelecimentos de diversão nocturna, mas defendeu que é necessário "dar o benefício da dúvida" ao novo ministro da Administração Interna, Rui Pereira.

"Não sou dos que fazem discursos permanentes de `bota abaixo`. O ministro (Rui Pereira) chegou há pouco tempo ao Governo e merece ter o benefício da dúvida", afirmou Menezes.

Rui Pereira "é uma pessoa credível e bem intencionada, que vai tentar recuperar o tempo perdido", recordando que "existem falhas em termos de política de segurança", acrescentou o autarca.

"Nos últimos dois anos deveríamos ter formado quatro mil polícias e apenas foram formados mil, mas não atribuo a culpa a este ministro, talvez a este Governo", afirmou.

Relativamente à situação de insegurança nos estabelecimentos de diversão nocturna, agravada com a recente morte de um empresário da noite portuense, Luís Filipe Menezes admitiu que existe "um problema grave na vida nocturna", mas afirmou "acreditar que o Estado de direito saberá reagir e organizar-se para combater o que está a amedrontar os cidadãos".

"Estou preocupado, mas não quero dramatizar além dos limites. Há alguma letargia do Governo nesta área da segurança, mas quero dar ao ministro o benefício da dúvida", concluiu o presidente da Câmara de Gaia.

Hoje ao início da tarde, no final da reunião semanal do Conselho de Ministros, o ministro da Administração Interna, Rui Pereira, disse ter "confiança absoluta" na resposta das forças e serviços de segurança face aos recentes fenómenos de criminalidade grave ocorridos em Portugal, considerando que a situação no país está "dominada".

"A actual situação é dominada pelas forças e pelos serviços de segurança. A criminalidade desceu no primeiro semestre deste ano, mas o Governo acompanha com toda a atenção, solidariedade com as vítimas e condenação veemente dos criminosos os recentes crimes graves e violentos", afirmou.

O surto de criminalidade surgiu nas últimas semanas em discotecas do Porto e de Lisboa e com assaltos a dependências bancárias, estações de abastecimento de combustíveis e ourivesarias, nalgumas situações com vítimas mortais e feridos graves.

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