Quercus e Greenpeace bloquearam Vicaima

Activistas da Quercus e do Greenpeace bloquearam a entrada da fábrica transformadora de madeira Vicaima, em Vale de Cambra, para chamar a atenção para o abate ilegal de árvores no Brasil.
Dez activistas da Greenpeace acabaram por ser detidos.

Agência LUSA /
O protesto dos ambientalistas Lusa

Pelas sete horas, o grupo de ambientalistas acorrentou-se ao portão da unidade fabril, deixando entrar os trabalhadores, a quem distribuiu panfletos de sensibilização, mas impedindo a entrada e saída de viaturas.

Os dirigentes da Quercus e Greenpeace foram recebidos pelo director de produção da Vicaima, Filipe Ferreira, a quem transmitiram que levantavam o bloqueio se fosse assinado um compromisso de que o grupo empresarial se limitaria a operar com madeira certificada.

Segundo Luís Galrão, da Quercus, Filipe Ferreira disse não ter poderes para assumir o compromisso, pelo que o bloqueio se mantém.

Pouco depois surgiu um Mercedes de um dos administradores da empresa e começaram os incidentes: o carro estacionou a centímetros de um dos activistas que estava acorrentado e um operador de câmara da SIC foi agredido.

Quando a serenidade parecia ter regressado, os ânimos voltaram a exaltar-se à chegada de outro responsável da empresa, e, apesar da presença da GNR, verificou-se nova agressão, desta feita a um dos dirigentes da Quercus.

Segundo Domingos Patacho, da Quercus, a acção dos ambientalistas é justificada porque a Vicaima é uma das maiores empresas processadoras de madeira em Portugal e "deve assegurar que toda a madeira que utiliza tem origem legal, em florestas geridas de forma sustentável".

Portugal é o quinto maior importador mundial de madeira da Amazónia brasileira, onde a desflorestação afectou, só em 2003, o equivalente a um terço do território português.

Filipe Pereira garantiu que a Vicaima não trabalha com madeiras provenientes de abates ilegais na Amazónia, mas Domingos Patacho sustenta que as associações ambientalistas têm informações de que o grupo Vicaima, a que está ligada a Madeiporto, opera com produtores que promovem o abate indiscriminado de árvores da Amazónia.

"O facto de terem madeira certificada não significa que toda ela o seja", sublinhou aquele dirigente ambientalista.

A acção da Quercus e do Greenpeace surge na sequência da tentativa de impedir a descarga de um navio carregado de madeira exótica, na semana passada, no porto de Leixões, gorada pelo facto de estar livre um cais a montante da ponte levadiça, onde os activistas se tinham acorrentado.

De acordo com fontes da Vicaima, a associação empresarial do sector deverá fazer sair hoje um comunicado sobre o bloqueio que está a ser feito pelos ambientalistas no portão da fábrica de Vale de Cambra.

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