"Racismo não pode ser ligado à tática e à técnica de operação policial"

por RTP

Foto: Miguel A. Lopes - Lusa

Em entrevista à RTP3, o presidente do Observatório de Segurança Interna, Luís Fernandes, começou por sublinhar, este sábado, que "as manifestações são o exercício de um direito cívico", vendo "com bons olhos" quer a marcha contra a xenofobia e o racismo, quer a vigília "pela autoridade" promovida pelo Chega. Apontou, em seguida, "uma grande confusão" entre a operação policial de dezembro no Martim Moniz e "outras questões sociológicas".

"A operação policial decorreu de acordo com os trâmites legais, em termos técnicos e táticos terá abrangido uma quantidade de elementos policiais que operaram e estiveram numa rua e fizeram diligências para revista de pessoas. Como a quantidade de pessoas dessa rua era elevada, a forma como tem que ser feita a abordagem tem que ser diferenciada", sustentou o responsável, referindo-se à operação de 19 de dezembro na Rua do Benformoso.

"Nesse sentido, não extravasaram qualquer elemento técnico que devia ser observado. Cumpriram com as boas práticas", reforçou.

"A confusão que eu tenho que identificar aqui é um aproveitamento - e tenho que dizer que há um aproveitamento político - das várias fações, que puxam uma discussão para uma atividade policial que não tem nada a ver com o que pretendem incluir", propugnou Luís Fernandes.

"Eu não sou porta-voz da polícia. Não tenho aqui a obrigação de defesa da polícia, mas creio que toda a gente consegue perceber uma coisa: racismo e xenofobia não podem ser caracterizados e ligados a uma operação policial e à tática e à técnica dessa operação policial, sob pena de destruirmos tudo o que é o trabalho policial".

"Não podemos vincular que a sociedade portuguesa é racista e xenófoba só por si, porque isso significa, em primeiro ponto, identificar mal o problema e, dessa forma, não teremos soluções para o problema", advogou adiante o presidente do Observatório de Segurança Interna.
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