Raimundo acusa PS de parecer disponível para dar "as duas mãos" ao Governo

O secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo, acusou este domingo o PS de "parecer disponível para dar as duas mãos ao Governo", advertindo que a "política de direita não se combate dando-lhe a mão, mas sim travando-lhe o passo".

Lusa /
Tiago Petinga - Lusa

 

No discurso no tradicional comício da Festa do Avante, na Quinta da Atalaia, Seixal, Paulo Raimundo acusou o PS de "estar às cotoveladas com o Chega para ver quem é o mais cúmplice do Governo, para ver quem é o par favorito de um Orçamento do Estado" que, disse, servirá para "acelerar o desmantelamento do SNS, o ataque aos serviços públicos, para as privatizações" e para "manter um país assente nos baixos salários e pensões baixas".

"Perante isto, ninguém pode dizer que vai ao engano. A política de direita não se combate dando-lhe a mão, mas sim travando-lhe o passo. E o PS, como sempre, parece disponível para dar, não uma, mas as duas mãos ao Governo e à sua política", acusou, recebendo um aplauso da plateia.

"Da parte do PCP, cá estaremos para lhe dar firme combate e, sim, para lhe travar o passo, que é isso que é importante para as nossas vidas e para o nosso país", assegurou.

Paulo Raimundo defendeu que o Governo PSD/CDS "mais parece uma agência de negócios dos grupos económicos" e salientou que, no atual quadro político, "cada instrumento desempenha o papel que lhe está atribuído": PSD e CDS governam, a Iniciativa Liberal serve de "lebre ideológica" para o executivo e o Chega de "fábrica de mentiras".

O Chega é "a demagogia, a gritaria que se conhece e é o instrumento que o sistema criou para tentar acelerar os objetivos do próprio sistema. É o abre-latas do pior da política de direita", acusou.

Rodeado pelo Comité Central do PCP no palco principal da Festa do Avante, e perante milhares de simpatizantes e militantes do partido, Paulo Raimundo considerou que a política que está a ser levada a cabo pelo executivo é de "confronto com a maioria".

"Uma política que usa os imigrantes e os mais desfavorecidos como bodes expiatórios das suas desastrosas consequências. Uma política ao serviço de uma minoria que se acha dona disto tudo e a quem nunca se pergunta a nacionalidade, a língua, a religião ou a cultura", disse.

O secretário-geral do PCP considerou que, para o Governo, "até os fogos são negócio", acusando-o de fazer "negócio sobre a floresta, dos apetites sobre a pequena propriedade, é o mega negócio dos alugueres dos meios aéreos".

"Veja-se ao que chegámos e não é apenas o drama anual dos incêndios, é também a situação em diversas áreas, algumas das quais críticas", referiu.

Depois, Raimundo voltou a deixar críticas implícitas aos partidos de direita, e em particular à IL, considerando que o problema de Portugal não "é haver cada vez mais Estado, como afirmam aí os `Mileis` da praça".

"O problema é o desmantelamento das estruturas públicas, é haver um Estado que, por opção de sucessivos governos, tem cada vez menos meios e capacidade de resposta", referiu, salientando, desta vez referindo-se ao PSD/CDS, que os "saudosistas do tempo da `troika`" afirmam que "o país está melhor".

"Sim, uma pequena parte do país está melhor. Está melhor a banca, os grupos económicos, as multinacionais", reconheceu Raimundo, contrapondo contudo que, para os trabalhadores, "a vida está difícil".

"E gostariam que o povo, os trabalhadores e a juventude voltassem àquele tempo do come e cala. Mas estão muito, é que estão mesmo muito, enganados", vincou.

No início da sua intervenção, Raimundo abordou a situação internacional para defender que "não é possível fechar os olhos ao genocídio que está em curso" na Palestina.

"O Governo português tem de reconhecer imediatamente e sem nenhumas condições o Estado da Palestina, com as fronteiras de 1967 e a capital em Jerusalém, assim como o direito do retorno dos refugiados palestinianos", defendeu.

 

Tópicos
PUB