Reatar de relações entre EUA e Cuba é "um primeiro passo" - cubanos em Portugal
Lisboa, 17 dez (Lusa) -- O anúncio de um reatamento de relações diplomáticas entre Estados Unidos e Cuba é um "primeiro passo", mas o embargo continua, disse hoje o coordenador nacional da associação que junta os mais de mil cubanos residentes em Portugal.
Em declarações à agência Lusa a partir da embaixada de Cuba em Lisboa, "repleta de cubanos e portugueses a celebrar" o que aconteceu hoje, Victor Guerra reconheceu que este "primeiro passo", depois de 56 anos de costas voltadas, "reconhece o sacrifício do povo" cubano.
Porém, alerta, "há que ver a lei que levanta o embargo", que agora está nas mãos do Congresso dos EUA. "Esse é outro problema", realçou.
"Para já, o embargo ainda está [em vigor]", recordou, deixando um exemplo dos efeitos que o bloqueio dos EUA a Cuba têm na vida das pessoas.
"Tive um enfarte em Cuba e atenderam-me com um cateter de criança, porque, dado o embargo, não havia cateteres", contou. "Há hospitais que dão pena", lamenta.
O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou hoje que pretende discutir o total levantamento do embargo económico a Cuba e o restabelecimento de relações diplomáticas.
Numa intervenção a partir da Casa Branca, em Washington, Obama afirmou igualmente que os Estados Unidos pretendem retirar Cuba da lista de países que apoiam o terrorismo.
Estas medidas surgem no âmbito de uma aproximação histórica entre os dois países, que não têm relações diplomáticas oficiais desde 1961.
O líder cubano, Raúl Castro, confirmou que Cuba concordou restabelecer relações diplomáticas com os Estados Unidos, indicando, no entanto, que falta resolver a questão do embargo económico imposto por Washington.
Os Estados Unidos libertaram hoje os últimos três membros do grupo que ficou conhecido como os "Cinco de Cuba", condenados em 2001 por espionagem.
A libertação de Gerardo Hernández, Ramón Labanino e Antonio Guerrero foi anunciada no mesmo dia em que o regime de Havana libertou o norte-americano Alan Gross, detido há cinco anos, em Cuba, também por espionagem.
O líder cubano Raul Castro anunciou, numa comunicação ao país, que os três já se encontram em Havana.
Considerados "heróis" em Cuba, os elementos do grupo "Cinco de Cuba" foram detidos em 1998, quando a polícia federal norte-americana (FBI) desmantelou uma rede de espionagem cubana, denominada "Avispa", que atuava no sul da Flórida.
René González e Fernando González foram os primeiros do grupo a serem libertados, em outubro de 2011 e fevereiro de 2014, respetivamente.
O coordenador dos cubanos residentes em Portugal não esconde o "sentimento de alegria" por se ter resolvido algo que "nunca devia ter acontecido", a detenção de "cinco inocentes presos por uma questão de ódio contra Cuba".