Reestruturação da STCP faz aumentar baixas entre os motoristas

A contestação popular à recente reestruturação da rede da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) fez aumentar as baixas por doença entre os motoristas da empresa, disse hoje à Lusa fonte sindical.

Agência LUSA /

Jorge Costa, do Sindicato Nacional de Motoristas (SNM), salientou que os motoristas "enfrentam todos os dias a indignação dos passageiros pelas alterações profundas desta reestruturação".

"Também as acções de bloqueio dos veículos da empresa, que um pouco por toda a cidade se têm sucedido, têm contribuído para o mau estar entre os motoristas", disse o sindicalista.

Segundo Jorge Costa, esta insatisfação dos passageiros com a nova rede teve consequências negativas para os motoristas, "provocando numerosas situações de stresse e baixas por doença, com os consequentes prejuízos para a empresa e os próprios motoristas".

Em resolução hoje aprovada, em plenário de trabalhadores da STCP, a administração da empresa é também criticada por não ter dado formação suficiente aos motoristas quanto aos novos percursos.

"Isso ocasionou numerosos enganos e atrasos nos primeiros dias de vigência da nova rede, com consequências negativas para os clientes e para a empresa, com inúmeros protestos dos utentes", disse Jorge Costa.

O sindicalista referiu ainda que a empresa não respeitou os critérios estabelecidos quando da afectação dos motoristas à reestruturação da rede, iniciada no primeiro dia do ano, nomeadamente o critério de antiguidade.

"Está estabelecido que os motoristas mais antigos têm direito de preferência na escolha das linhas, o que não aconteceu, tendo a administração distribuído as linhas de forma arbitrária", disse Jorge Costa.

A nova rede da STCP, que entrou em funcionamento a 1 de Janeiro, envolveu profundas alterações no sistema que estava em vigor, o que originou fortes protestos populares por deixar algumas zonas a descoberto e obrigar os passageiros a vários transbordos.

A nova rede suprimiu 44 linhas de autocarros e criou outras 30, no âmbito de uma reestruturação da oferta alegadamente ajustada ao alargamento da rede do Metro do Porto.

O Movimento de Utentes de Transportes da Área Metropolitana do Porto (MUT-AMP), que tem liderado a maioria dos protestos, defendeu a suspensão da nova rede até que a Autoridade Metropolitana dos Transportes fosse empossada.

Jorge Costa referiu que os trabalhadores decidiram ainda, no plenário, "numa postura de abertura ao diálogo e à negociação", esperar mais duas semanas pela proposta da Administração sobre a revisão do acordo de empresa para 2007.

O responsável sindical explicou que, na sequência da rejeição pelos sindicatos da primeira proposta de revisão daquele acordo, apresentada pela Administração da Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP), os sindicatos entregaram no final de Dezembro a sua contraproposta.

"O prazo legal para a resposta da Administração da STCP terminou segunda-feira sem que qualquer dos sindicatos envolvidos na negociação tenha recebido qualquer proposta da empresa", disse Jorge Costa.

Além do SMN, estão envolvidos nesta negociação o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes (SITRA) e o Sindicato dos Trabalhadores dos Transportes Rodoviários e Urbanos do Norte (STRUN), que representam em conjunto cerca de 90 por cento dos trabalhadores da STCP.

Os sindicatos opõem-se às propostas avançadas pela Administração, alegando que elas retiram "sem qualquer contrapartida" direitos adquiridos.

Referem-se, nomeadamente, a férias, dispensas ao trabalho, flexibilidade de horários, assistência médica, acidentes de trabalho e os passes sociais atribuídos aos trabalhadores da empresa, para deslocação entre local de residência e local de trabalho.

Jorge Costa frisou que os trabalhadores querem uma resolução para "todos estes problemas", tendo o plenário mandatado os sindicatos para realizar todas as acções necessárias para tal, não estando excluído o recurso à greve.

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