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Relacionamento de Portugal com Marrocos deve ter "a maior das atenções"

por Agência LUSA

O chefe da diplomacia portuguesa defendeu hoje que Portugal deve acompanhar "com a maior das atenções" o relacionamento com Marrocos por ser um importante actor a nível internacional e pelas potencialidades deste mercado para as empresas nacionais.

Num balanço da visita de trabalho que efectuou segunda-feira a Marrocos , Luís Amado considerou que "na situação política que se vive hoje a nível inter nacional, Marrocos é um actor importante, sobretudo na relação com o mundo árabe , no conhecimento da realidade islâmica e africana".

"Há um potencial de relacionamento com Marrocos que nós temos de acompa nhar com a maior das atenções, do ponto de vista político e diplomático", defend eu.

A nível económico, o ministro dos Negócios Estrangeiros considerou que em termos de comércio e exportações "houve uma evolução muito significativa nos últimos anos", destacando que mais de 50 por cento das exportações portuguesas p ara o Magrebe são para Marrocos e que o investimento no mercado marroquino "atin giu um valor significativo", com a presença no país de mais de 100 empresas.

O ministro referiu, por isso, que é preciso dar uma "atenção redobrada" a este mercado "alternativo", de mais de 30 milhões de consumidores.

"Portugal tem de desenvolver as suas exportações e as suas relações eco nómicas também para fora da Europa, como tem acontecido nos últimos anos, e Marr ocos é importante na rota da internacionalização e expansão da economia portugue sa", disse.

Neste sentido, Luís Amado destacou a visita que o ministro das Obras Pú blicas, Transportes e Comunicações português, Mário Lino, efectua hoje a Marroco s, acompanhado do secretário de Estado adjunto da Indústria e da Inovação, Antón io Castro Guerra, e de representantes de empresários portugueses.

Para Luís Amado, esta visita é ilustrativa do interesse em investir nes te mercado, "que se tem intensificado nos últimos anos, sobretudo ao nível das p equenas e médias empresas".

Luís Amado acrescentou que a sua visita foi "muito oportuna" e instado a comentar a importância de ter sido recebido pelo rei marroquino, Mohamed VI, c onsiderou a audiência com o monarca "natural" porque os dois países têm "uma rel ação especial".

"Marrocos é o nosso segundo vizinho e há uma relação estratégica que ex ige uma certa intimidade do ponto de vista político e diplomático", referiu o mi nistro.

Luís Amado lembrou, por outro lado, o interesse marroquino em intensifi car o relacionamento com Portugal, dado "as grandes expectativas no papel que po de e deve assumir no estreitamento das suas relações com a União Europeia (UE)".

Em declarações aos jornalistas após o encontro com o chefe da diplomaci a portuguesa, o primeiro-ministro marroquino, Driss Jetou, realçou a importância de Lisboa assumir no segundo semestre de 2007 a presidência da UE, mas referiu que, mesmo sem esta responsabilidade, Portugal é sempre o "advogado" de Marrocos nas reuniões dos 25.

Nos encontros com as autoridades marroquinas, Luís Amado discutiu ainda a questão da imigração ilegal, "uma das grandes preocupações, não apenas de Mar rocos mas também da Europa, sobretudo dos países vizinhos da região do Magrebe q ue tem sofrido uma enorme pressão migratória".

De acordo com o ministro, a imigração ilegal é um dos "temas centrais" nas relações entre os dois países e voltará a ser discutido na IX Cimeira luso-m arroquina, cuja data ainda não está definida, mas que deverá realizar-se em Raba t no início de Dezembro.

Questionado sobre a integração regional no Magrebe, comprometida pelo d iferendo entre Marrocos e a Argélia devido ao conflito no Saara Ocidental, Luís Amado defendeu a necessidade de se "desenvolver um quadro de relacionamento entr e a UE e aquela região, que permita ultrapassar ou pelo menos fazer baixar algum as tensões que existem".

"O aprofundamento das relações da UE com esta região terá um efeito cat alizador importante na própria integração regional a nível do Magrebe", disse, d efendendo, no entanto, "uma política europeia mais ambiciosa" nesta matéria.

O Saara Ocidental, uma ex-colónia espanhola, foi anexado por Marrocos e m 1975 e a Frente Polisário, apoiada pela Argélia, luta desde então pela indepen dência do território.

Segundo Luís Amado, Portugal defende que "o problema deve ser regulado no quadro das Nações Unidas", que propuseram a realização de um referendo de aut odeterminação, o qual ainda não se realizou por dificuldades no recenseamento e pela recusa de Marrocos.

Marrocos é um dos três países, com o Brasil e a Espanha, com os quais P ortugal mantém cimeiras bilaterais anuais.

No plano multilateral, integram ambos o chamado Diálogo 5+5, instituído há 15 anos para reforçar o diálogo político e a cooperação em áreas de interess e comum e que reúne os cinco países do norte do Mediterrâneo Ocidental - Portuga l, Espanha, França, Itália e Malta - e os cinco do sul - Marrocos, Argélia, Tuní sia, Líbia e Mauritânia.

Portugal e Marrocos integram ainda o Processo de Barcelona, uma iniciat iva criada em 1995 para promover a cooperação entre os 25 países da UE e dez paí ses do sul do Mediterrâneo - Marrocos, Argélia, Tunísia, Egipto, Israel, Autorid ade Nacional Palestiniana, Líbano, Jordânia, Síria e Turquia.

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