Ricardo Salgado promete "lutar pela honra e dignidade" da família

O ex-número um do Banco Espírito Santo revela na edição desta quinta-feira do Diário Económico a vontade de limpar o nome e declara que não se considera responsável pela queda da instituição bancária. “Vou lutar pela minha honra e dignidade, minha e da minha família”, afirma Ricardo Salgado, que deixa por responder as questões mais quentes sobre o colapso do BES. Por motivos legais.

RTP /
Ricardo Salgado promete ir à luta e reconquistar o prestígio perdido pela família José Manuel Ribeiro, Reuters

Neste encontro com um jornalista do Diário Económico no Hotel Palácio do Estoril, onde agora tem o seu escritório, Ricardo Salgado, que durante 22 anos liderou o Banco e o Grupo Espírito Santo, afirma que tem “planos para o futuro, mas também a lucidez de pensar que os 70 anos que já conta são um grande travão a grandes projetos”.

No entanto, “não acredita que a sua geração possa recuperar o prestígio perdido do nome Espírito Santo, mas dá a entender as gerações mais jovens poderão reconstruir a aura que era comparável à dos Rockfeller nos Estados Unidos e aos Rothschild na Europa”.
De poderoso a "estigmatizado como bandido"
Quando interrogado “como se sente depois de passar de um dos homens mais poderosos do país a uma situação em que é estigmatizado como um bandido”, o ex-administrador do BES e do GES cita uma frase do Papa Francisco, uma das várias que utiliza durante o encontro relatado nas páginas do jornal: “Não chores pelo teu sofrimento, luta pela tua felicidade”.

Salgado afirma “que não se considera responsável pela queda do banco”, acrescentando que “vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para recuperar a confiança”. E promete falar sobre o que provocou a crise e a liquidação do BES “no momento em for possível fazer uma análise clara e objetiva”.

Quando questionado sobre os ativos e o dinheiro que terá no estrangeiro, Ricardo Salgado sugere, segundo escreve o <i>Económico</i>, “que não tem mais nada para além do conhecido e está registado”, desmentindo “a existência de depósitos de milhões na Ásia”.
"Não chores pelo que perdeste"
Sobre o facto de ter apostado muito no banco, “onde era o administrador com o maior número de ações, e de ter perdido grande parte dos ativos que adquiriu”, Ricardo Salgado cita o Papa Francisco ao afirmar: “Não chores pelo que perdeste, luta pelo que tens”.

No seu escritório improvisado, Ricardo Salgado, que durante anos foi bajulado e que estava sempre acompanhado de um séquito, tem agora como companhia a secretária de toda a vida e mais duas ou três pessoas. Não se mostra, todavia, preocupado e volta a citar o Papa Francisco: “Não chores pelos que te abandonaram e luta pelos que estão contigo”.
Tópicos
PUB