RTP quer acordo com outros canais para cobertura de incêndios "sem excessos"

por Agência LUSA

O director de Informação da RTP, António Luís Marinho, anunciou hoje que a estação pública de televisão deseja estabelecer um a cordo com os outros canais para que a cobertura dos incêndios florestais se faça "sem excessos".

Nos anos anteriores "cometeram-se na RTP alguns excessos" na cobertura dos incêndios florestais, admitiu António Luís Marinho, ao intervir, como convid ado, nas celebrações do Dia Meteorológico Mundial, em Lisboa.

Ao fazer um "meia culpa", o director de Informação da RTP referiu-se, a título de exemplo, à "excessiva repetição" de imagens de fogos florestais, indu zindo a ideia no público de que "todo o país estava a arder".

Partindo do princípio de que os "excessos" na cobertura dos incêndios f lorestais acontecem em todos os canais, António Luís Marinho anunciou que vai te ntar negociar com todas as estações de televisão um acordo para que no futuro a situação não se repita.

"Internamente, a RTP está a preparar uma estratégia para a sua própria cobertura dos incêndios florestais, procurando evitar alguns excessos cometidos em anos anteriores", disse o responsável.

"Depois, vamos tentar estabelecer uma estratégia com as outras televisõ es, para que todos os canais se harmonizem neste âmbito", acrescentou.

Apesar de desejar o fim dos "excessos" na cobertura televisiva dos fogo s, António Luís Marinho referiu que "não noticiar ou informar pouco seria tão gr ave como o exagero" nas reportagens.

Na "conversa", como classificou a sua intervenção no Dia Meteorológico Mundial, António Luís Marinho defendeu, por outro lado, que "jornalistas e meteo rologistas devem aprender uns com os outros para poderem transmitir melhor a inf ormação à população".

"Todos têm a aprender uns com os outros, tranquilamente", para que a in formação meteorológica chegue descodificada ao grande público, acrescentou.

António Luís Marinho anunciou, também, que a RTP está a negociar com o Instituto de Meteorologia (IM) para "retomar os boletins meteorológicos apresent ados por especialistas em dois espaços diários", referindo que, actualmente, a i nformação meteorológica na estação pública de televisão é "escassa".

O presidente do Instituto de Meteorologia, Adérito Serrão, disse que o organismo público que dirige "está, como sempre esteve, disposto a promover uma cultura de prevenção em Portugal", em colaboração com outras entidades, visando a redução dos desastres naturais.

"Episódios recentes e infelizmente cada vez mais recorrentes anualmente em Portugal, associados aos incêndios florestais, pela sua dimensão e impactes, devem constituir pretexto para um reforço da investigação das causas, mas igual mente para a adopção de atempados e adequados mecanismos de prevenção e de respo sta à catástrofe, mitigando os seus efeitos", frisou o responsável.

"Este é um dos desafios" - acrescentou Adérito Serrão - "que temos pela frente e que provavelmente mais uma vez este ano colocará à prova os resultados da aprendizagem com erros do passado e testará a nossa capacidade de melhoria d e processos de resposta e de defesa de vidas e património, bem como de cobertura mediática desejavelmente esclarecedora".

O Dia Meteorológico Mundial - este ano sob o tema "Prevenção e Mitigaçã o dos Desastres Naturais" - foi promovido pela Organização Meteorológica Mundial , agência especializada das Nações Unidas para a Meteorologia.

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