Rui Patrício nomeado membro do conselho administrativo da Coleção Berardo

por RTP
Até ao final de agosto, a justiça arrestou cerca de 2200 obras de arte de Joe Berardo José Manuel Ribeiro - Reuters

O advogado Rui Patrício foi nomeado membro do Conselho de Administração da Coleção Berardo, na sequência da demissão de João Nuno Azevedo Neves, segundo informou esta segunda-feira o Ministério da Cultura. Elísio Summavielle, presidente da Fundação Centro Cultural de Belém (FCCB), foi designado fiel depositário da Coleção Berardo.

De acordo com um comunicado oficial, a ministra da Cultura, Graça Fonseca, “decidiu nomear o advogado Rui Patrício novo membro do Conselho de Administração da Fundação Arte Moderna e Contemporânea – Coleção Berardo (FAMC), na sequência da renúncia ao mandato de João Nuno Azevedo Neves”.

A notícia da demissão de João Neves foi avançada na manhã de segunda-feira pelo Jornal Económico, que explica que o antigo administrador apresentou a sua demissão à tutela na semana passada.

No centro da discórdia, segundo o mesmo jornal, estaria o processo de guarda do arresto das cerca das mil obras de arte José Berardo que estão no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, onde está instalado o Museu Coleção Berardo.

Neste âmbito, o comunicado divulga que Elísio Summavielle, presidente do FCCB e membro da administração da FAMC, foi nomeado fiel depositário da Coleção Berardo. O despacho foi assinado pela ministra da Cultura e por três dos cinco membros do Conselho de Administração da FAMC: o próprio Elísio Summavielle, o administrador demissionário João Neves e Catarina Vaz.

Esta nomeação vai contra a decisão do tribunal que, tal como o Jornal Económico avança citando uma fonte próxima ao processo, estabeleceu que o responsável para a guarda das obras arrestadas teria de ser uma escolha conjunta entre a FAMC e o Ministério da Cultura.

“De forma unilateral, e contrariando a decisão judicial, a ministra da Cultura decidiu que o responsável pela guarda das obras arrestadas seria o administrador da Fundação de Arte Moderna e Contemporânea-Coleção Berardo, e presidente do CCB, Elísio Summavielle”, revelou a mesma fonte ao Económico.

Ainda no comunicado, o Ministério da Cultura argumenta que a escolha de Elísio Summavielle “é a que melhor interpreta a decisão do tribunal”, acrescentando que “tem os meios necessários e adequados para garantir a integridade das obras e a sua respetiva fruição pública”.
Arrestadas mais de duas mil obras
Depois de o Novo Banco, CGD e BCP terem interposto um processo ao empresário e colecionador José Berardo para recuperar uma dívida superior a 962 milhões de euros, a justiça determinou o arresto das obras em nome da Associação Coleção Berardo (ACB).

Até ao final de agosto, a justiça arrestou, no total, cerca de 2200 obras de arte de Joe Berardo. Primeiramente foram arrestadas as mil obras de arte expostas no CCB, e de seguida as obras do jardim da Bacalhôa Buddha Eden, no Bombarral – que Joe Berardo, no Parlamento, declarou não ser dono – e da Aliança Underground Museum, museu nas caves Aliança-Vinhos de Portugal, em Aveiro.

Na passada segunda-feira, fonte da ACB contactada pela agência Lusa, declarou que irá contestar, no próximo dia 23, o arresto das obras.

A ACB "vai ser ouvida em tribunal e, nessa altura, será o juiz a decidir se o arresto será levantado ou é mantido", asseverou a mesma fonte, citada pela agência Lusa.

A Coleção Berardo possui, entre outras, obras raras de Jean Dubuffet, Joan Miró, Yves Klein e Piet Mondrian, consideradas muito importantes na História da Arte do século XX por especialistas.

c/ Lusa
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