Rui Rio lamenta falta de eficiência da polícia e defende ser altura do governo se preocupar

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, denunciou a "falta de eficiência" que tem sido revelada pelas forças policiais, defendendo que é altura do governo se "preocupar" e promover uma reforma profunda que aumente a eficácia.

© 2007 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A. /

"O que o país tem assistido, seja ao nível das crianças desaparecidas, dos assaltos a bancos ou das mortes na noite do Porto, é a falta de eficiência revelada pela polícia", afirmou o autarca, em declarações exclusivas à Lusa.

Rui Rio, que ainda não se tinha pronunciado sobre questões relacionadas com a segurança desde a morte de um empresário da noite portuense, frisou que se "sucedem os casos e a polícia não dá a resposta que supostamente deveria dar".

"Isto preocupa as pessoas, porque acentua o sentimento de insegurança", frisou, alertando que "está a germinar entre a população o sentimento de que a policia é pouco eficaz".

Rui Rio deixou claro que esta questão não está apenas relacionada com as mortes ocorridas nos últimos dois meses na noite do Porto, mas com vários casos que têm acontecido em todo o país.

"Não estamos a falar de um ou dois casos, mas de vários casos com variadas características em que a polícia não teve a eficácia desejada", acentuou.

Para inverter este quadro, o presidente da Câmara do Porto defendeu ser "tempo do governo se preocupar com este aspecto e pensar numa reforma a sério ao nível da polícia, especialmente da Polícia Judiciária, que deve ser dotada com capacidade de resposta".

"Não podemos continuar passivamente com esta situação", salientou Rio, admitindo que uma eventual reforma, por mais rápida que seja a decisão do governo, não terá efeitos a curto prazo.

Questionado sobre a importância da intenção do governo de aprovar até ao final de Setembro a proposta de Lei de Segurança Interna, que prevê a criação de um secretário-geral com poderes para assumir a direcção das forças de segurança, Rui Rio escusou-se a fazer comentários específicos.

"Não me quero meter dizendo quais são as partes fundamentais da reforma que devem ser feitas. Não sou técnico, nem tenho um cargo que implique que me pronuncie sobre esse assunto", salientou.

Relativamente aos casos que ocorreram na noite do Porto, Rui Rio considerou que são o exemplo de uma situação em que "parece que os jornalistas sabem mais que a polícia".

"Os relatos são tão pormenorizados e coincidentes entre os vários órgãos de comunicação social que parece que os jornalistas não têm grande dificuldade em colocar o essencial nos jornais", afirmou, questionando por que razão os jornalistas conseguem ter acesso a este tipo de informações e a polícia não consegue resolver os casos.

Em termos de segurança, Rui Rio não quis isolar a situação na noite da cidade do Porto, alegando que o que ali aconteceu nos últimos meses poderia ter acontecido noutro local qualquer, mas aproveitou para acusar o governo de se estar a "portar muito mal" com a Câmara do Porto.

"Quando coloco na primeira linha de acção a reabilitação dos bairros sociais, onde vive 20 por cento da população da cidade, estou a pensar na qualidade de vida, mas também na segurança da cidade", afirmou.

"Se deixarmos que os bairros sociais atinjam um patamar como o que atingiu o Bairro de S. João de Deus, a Câmara do Porto não está a cumprir um pressuposto básico para ajudar a segurança da cidade", salientou o autarca.

Nessa perspectiva, lamentou que o governo deva à Câmara do Porto as verbas que lhe compete pagar no quadro do programa PROHABITA, de âmbito nacional.

Segundo Rui Rio, até há pouco tempo, o governo devia à Câmara do Porto "todo o ano de 2005 e 2006, não cumprindo o seu papel, que era pagar a sua parte".

Recentemente, o executivo pagou 20 por cento do montante em dívida, que Rio considerou ser "um sinal positivo", mas o apoio à autarquia na reabilitação dos bairros sociais ainda está longe do ideal.

Por outro lado, o autarca reafirmou as suas críticas à decisão de encerrar o programa Porto Feliz, que apoiava toxicodependentes de rua.

"Estamos a falar aqui de pequena criminalidade, que é a que potencia a grande criminalidade", frisou Rio, recordando que "a grande criminalidade recruta nos bairros sociais e entre os toxicodependentes".

"Se tivermos os bairros sociais cuidados e a toxicodependência controlada, estamos a dificultar o ambiente propício à grande criminalidade", defendeu.

Nesse sentido, considerou que, quando a autarquia consegue, através do Porto Feliz, retirar a maioria dos toxicodependentes das ruas da cidade "está a fazer política de segurança por via da política social".

"A ausência de uma política social devidamente estruturada pode levar à grande criminalidade", alertou Rui Rio.

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