País
"Safra Justa". Dez dos 17 suspeitos de exploração de imigrantes com termo de identidade e residência
Os demais sete arguidos deverão conhecer as medidas de coação no sábado. O Ministério Público pede prisão preventiva.
Dez dos 17 detidos na Operação "Safra Justa", que visou um presumível esquema de exploração de imigrantes no Alentejo, saíram em liberdade, com termo de identidade e residência, depois de terem sido ouvidos na quinta-feira no Campus Justiça, em Lisboa.
Segundo o advogado Frederico Miguel Alves, os restantes sete arguidos devem conhecer as respetivas medidas de coação já este sábado.
"O Ministério Público promoveu a medida de prisão preventiva para um militar da GNR, um PSP e mais uns civis. Quanto aos outros arguidos promoveu outras medidas de coação que implicam a sua libertação imediata", afirmou o causídico aos jornalistas à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, já após as 0h00 desta sexta-feira.A alegada rede desmantelada na passada terça-feira pela Polícia Judiciária controlaria perto de 500 trabalhadores estrangeiros no Alentejo, embora nem todos tenham sido encarados como vítimas de tráfico.
Em comunicado difundido na terça-feira, a Judiciária anunciava que a Operação "Safra Justa" permitira desmontar uma organização criminosa de auxílio à imigração ilegal.
Foram detidos 17 suspeitos, entre os quais dez militares da Guarda Nacional Republicana e um agente da Polícia de Segurança Pública.Os interrogatórios no Tribunal Central de Instrução Criminal tiveram início na quinta-feira. Os dez GNR suspeitos pertenciam ao Comando Territorial de Beja e o agente da PSP, do Comando Distrital de Beja, encontrava-se de baixa desde 2024.
Os factos sob investigação, indicaram Polícia Judiciária e Ministério Público, indiciam a prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva, abuso de poder, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Quatro dos seis civis detidos são de nacionalidade portuguesa e os outros dois são estrangeiros, “todos membros da organização criminosa”. Jornal da Tarde | 28 de novembro de 2025
“Os dois estrangeiros são indostânicos e angariavam as vítimas dessa mesma origem e acabavam também por coagi-las e ameaçá-las”, adiantou fonte policial à agência Lusa.Foram cumpridos quase 50 de mandados de busca e 17 mandados de detenção em Beja, Portalegre, Figueira da Foz e Porto.
"O cabecilha", de acordo com a mesma fonte, é português e foi “detido na via pública, em Beja, às 5h00 de terça-feira”.
"Situação de fragilidade"
Em comunicado, o Ministério Público detalhou que os suspeitos ter-se-ão aproveitado “da situação de fragilidade (documental, social e económica) de cidadãos originários de países terceiros, na sua grande maioria indocumentados, para daí retirarem avultadas vantagens económicas”.
Por sua vez, os imigrantes - a maioria em situação irregular - “estavam dispostos a trabalhar sem contrato formalizado”, auferindo uma “remuneração inferior à praticada no mercado para as funções” em causa, designadamente no sector agrícola.
“Os suspeitos não entregaram àqueles os valores prometidos, tendo-lhes deduzido montantes arbitrariamente impostos, referentes a despesas de alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação”.
Já os membros das forças de segurança teriam a cargo a vigilância dos trabalhadores, “a troco de compensação económica” e “ameaçavam ainda aqueles cidadãos, dando-lhes a entender que a queixa às autoridades não seria uma alternativa viável para reagir aos abusos”.
c/ Lusa
Segundo o advogado Frederico Miguel Alves, os restantes sete arguidos devem conhecer as respetivas medidas de coação já este sábado.
"O Ministério Público promoveu a medida de prisão preventiva para um militar da GNR, um PSP e mais uns civis. Quanto aos outros arguidos promoveu outras medidas de coação que implicam a sua libertação imediata", afirmou o causídico aos jornalistas à porta do Tribunal Central de Instrução Criminal, já após as 0h00 desta sexta-feira.A alegada rede desmantelada na passada terça-feira pela Polícia Judiciária controlaria perto de 500 trabalhadores estrangeiros no Alentejo, embora nem todos tenham sido encarados como vítimas de tráfico.
Em comunicado difundido na terça-feira, a Judiciária anunciava que a Operação "Safra Justa" permitira desmontar uma organização criminosa de auxílio à imigração ilegal.
Foram detidos 17 suspeitos, entre os quais dez militares da Guarda Nacional Republicana e um agente da Polícia de Segurança Pública.Os interrogatórios no Tribunal Central de Instrução Criminal tiveram início na quinta-feira. Os dez GNR suspeitos pertenciam ao Comando Territorial de Beja e o agente da PSP, do Comando Distrital de Beja, encontrava-se de baixa desde 2024.
Os factos sob investigação, indicaram Polícia Judiciária e Ministério Público, indiciam a prática dos crimes de auxílio à imigração ilegal, tráfico de pessoas, corrupção ativa e passiva, abuso de poder, falsificação, fraude fiscal e branqueamento de capitais.
Quatro dos seis civis detidos são de nacionalidade portuguesa e os outros dois são estrangeiros, “todos membros da organização criminosa”. Jornal da Tarde | 28 de novembro de 2025
“Os dois estrangeiros são indostânicos e angariavam as vítimas dessa mesma origem e acabavam também por coagi-las e ameaçá-las”, adiantou fonte policial à agência Lusa.Foram cumpridos quase 50 de mandados de busca e 17 mandados de detenção em Beja, Portalegre, Figueira da Foz e Porto.
"O cabecilha", de acordo com a mesma fonte, é português e foi “detido na via pública, em Beja, às 5h00 de terça-feira”.
"Situação de fragilidade"
Em comunicado, o Ministério Público detalhou que os suspeitos ter-se-ão aproveitado “da situação de fragilidade (documental, social e económica) de cidadãos originários de países terceiros, na sua grande maioria indocumentados, para daí retirarem avultadas vantagens económicas”.
Por sua vez, os imigrantes - a maioria em situação irregular - “estavam dispostos a trabalhar sem contrato formalizado”, auferindo uma “remuneração inferior à praticada no mercado para as funções” em causa, designadamente no sector agrícola.
“Os suspeitos não entregaram àqueles os valores prometidos, tendo-lhes deduzido montantes arbitrariamente impostos, referentes a despesas de alojamento, transporte, água, eletricidade e documentação”.
Já os membros das forças de segurança teriam a cargo a vigilância dos trabalhadores, “a troco de compensação económica” e “ameaçavam ainda aqueles cidadãos, dando-lhes a entender que a queixa às autoridades não seria uma alternativa viável para reagir aos abusos”.
c/ Lusa