Satélite astronómico francês CoRot colocado em órbita com sucesso

O satélite francês CoRot, destinado à detecção de planetas exteriores ao Sistema Solar, foi hoje colocado em órbita, menos de duas horas após o seu lançamento do cosmódromo de Baikonur, no Casaquistão.

Agência LUSA /

O satélite astronómico francês CoRot tinha sido hoje lançado com sucesso às 14:23 de Lisboa, a bordo do foguetão russo Soyuz 2-1B, para procurar planet as exteriores ao Sistema Solar e explorar o interior das estrelas, indicou à agência France Presse (AFP) o porta-voz da Agência Espacial Russa, Igor Panarine.

A missão do CoRoT, que conta com a participação de investigadores portugueses, será a primeira tentativa de detecção a partir do espaço de planetas sit uados à volta do sistema solar, ou exoplanetas.

Permitirá igualmente estudar a estrutura interna das estrelas.

Inicialmente o lançamento estava programado para o passado dia 21, mas uma fuga detectada numa membrana de um depósito do Soyuz motivou o adiamento do lançamento para hoje.

A participação portuguesa na missão, calculada para um prazo de dois an os e meio, enquadra-se na contribuição da Agência Espacial Europeia (ESA) para e ste projecto internacional, liderado pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais ( CNES) de França, e ainda com a participação do Brasil, Espanha, Alemanha, Áustri a e Bélgica.

"Vamos aprofundar o estudo do interior e da evolução das estrelas e, at ravés dele, conhecer melhor o nosso Sol, sobre o qual há ainda tanto para aprend er", explicou sexta-feira à agência Lusa Mário João Monteiro, nomeado pela ESA c o-investigador da missão, cujo nome é o acrónimo em inglês para "Convecção, Rota ção e Trânsitos Planetários".

"Convecção e rotação" refere-se à capacidade do satélite de sondar o in terior das estrelas para estudar as ondas acústicas que se propagam à sua superf ície, através de uma técnica chamada sismologia estelar ou "astro-sismologia", e xplicou o cientista português.

Este matemático, que é docente de astronomia e director do Centro de As trofísica da Universidade do Porto, coordena desde 2002 uma equipa internacional centrada nos dados que o satélite enviará sobre esta vertente da missão.

A outra, a do "trânsito planetário", diz respeito à técnica usada para procurar exoplanetas (exteriores ao Sistema Solar) e que consiste em detectar a presença de um planeta através da perda de luminosidade que provoca na sua estre la ao passar-lhe à frente.

Para cumprir estes dois objectivos, o CoRoT irá "olhar" em profundidade o interior de cerca de uma centena de estrelas e observar milhares de outras co m a ajuda do seu telescópio de 27 centímetros de diâmetro, a partir de uma órbit a polar posicionada a 850 quilómetros da Terra.

"O nosso trabalho consistiu em desenvolver as ferramentas computacionai s para a exploração dos dados do CoRoT, de modo a melhorar os modelos das estrel as e perceber como é que elas funcionam", disse Mário João Monteiro.

A sua equipa - cujo trabalho incidirá nas áreas dos códigos sísmicos e de evolução das estrelas - inclui vários investigadores do Centro de Astrofísica da Universidade do Porto e do Departamento de Matemática da Faculdade de Ciênci as e Tecnologia da Universidade de Coimbra.

Ao estudarem a natureza das ondas acústicas provenientes do interior da s estrelas e que se propagam à sua superfície alterando-lhe a luminosidade, os c ientistas esperam poder deduzir com precisão a massa, a idade e a composição quí mica das estrelas.

A ESA forneceu o telescópio óptico do satélite e as unidades de tratame nto de dados que seguem a bordo, e seleccionou, por concurso aberto, os investig adores de Portugal, Dinamarca, Suíça e Reino Unido que associou ao projecto.

Graças a esta participação da ESA, os Estados membros poderão ter acess o aos dados do CoRoT.

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