Seis mil efetivos por dia e atenção total das Forças Armadas à visita do Papa

por Carlos Santos Neves - RTP
Francisco é o quarto Papa a deslocar-se ao Santuário de Fátima Mário Cruz - Lusa

“Foi total” o envolvimento dos três ramos das Forças Armadas nos preparativos de segurança para a deslocação do Papa a Fátima, que acontece esta sexta-feira. Olhando à montagem de uma complexa operação de segurança que mobilizará, por dia, pelo menos seis mil operacionais de diferentes serviços, o ministro da Defesa quis assinalar o “trabalho invisível” de “inúmeras entidades e organismos”.

“O envolvimento das Forças Armadas, à luz daquilo que lhes foi solicitado pela estrutura coordenadora, foi total. Posso dizer também que o Exército, a Força Aérea e a Marinha trabalharam de forma exemplar”, frisou esta quinta-feira Azeredo Lopes, que falava aos jornalistas à margem da receção aos militares regressados do Kosovo.
Azeredo Lopes estimou, face à preparação de militares e agentes das forças de segurança, que a visita do Sumo Pontífice da Igreja Católica, que decorre até sábado, correrá “fantasticamente bem”.

Na base da extensa operação de segurança montada para a visita de Francisco a Portugal, sublinhou o ministro, esteve um “trabalho invisível” de meses, por parte de “inúmeras entidades e organismos”, num “esforço coletivo e relação de complementaridade”.

“Uma enorme quantidade de entidades e organismos trabalharam em conjunto para a realização desse mesmo fim, para que a visita decorra com total normalidade e para que as pessoas possam estar em Fátima a receber o Papa”, insistiu o governante.

Margarida Neves de Sousa, Carla Diogo, Lavínia Leal, Carolina Ferreira, Paulo Oliveira, Pedro Teodoro, Hugo Viana Melo, Luís Moreira - RTP

Entre as medidas de segurança confiadas às Forças Armadas destaca-se o reforço do policiamento aéreo, com a criação de zonas de exclusão e a instalação de um sistema anti-drones, além da mobilização de três helicópteros EH-101 e do reforço do apoio sanitário em Fátima e da assistência aos próprios peregrinos.
Seis mil efetivos por dia

A aterragem do avião que vai transportar Francisco na Base Aérea n.º 5, de Monte Real, está prevista para as 16h20 desta sexta-feira.



O Papa vai presidir em Fátima às celebrações do centenário das denominadas aparições, a par da canonização de Jacinta e Francisco Marto, duas das três crianças que, em 1917, relataram ter visto Nossa Senhora na Cova da Iria.Também a EDP Distribuição vai acionar, a partir das 10h00 desta sexta-feira, o plano de contingência para a peregrinação ao Santuário de Fátima, garantindo a ligação com a Proteção Civil, a GNR e os bombeiros.


Serão seis mil os operacionais de diferentes serviços e forças de segurança - GNR, PSP, Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, PJ, Serviços de Informação e Segurança, Polícia Marítima, INEM, Autoridade Nacional de Proteção e Socorro, Autoridade Nacional de Aviação Civil e Forças Armadas - mobilizados diariamente para a Operação Fátima. Um contingente que pode vir a ser reforçado, se tal se justificar.

Na quarta-feira, em conferência de imprensa, a partir da residência oficial do primeiro-ministro, a secretária-geral do Sistema de Segurança Interna, Helena Fazenda, adiantava que o nível de ameaça terrorista permaneceria no nível moderado, sem embargo de permanentes reavaliações.

“Independentemente da operação que decorre com exigências próprias e implícitas à natureza e dimensão do próprio evento, mantém-se o grau de ameaça moderado”, explicou a responsável, para acrescentar que não se registou “qualquer indício” que tivesse “sido identificado como determinante de alteração deste grau de ameaça”.

“Isto não é incompatível com a preparação detalhada desta operação nas suas várias vertentes”, contrapôs Helena Fazenda: “Uma coisa não é compatível com a outra, o grau de ameaça em Portugal é de facto moderado. Esta alocação de meios e todo este esforço tem presente a realidade e o contexto e a conjuntura internacional, nomeadamente na Europa”.
“Tranquilidade e confiança”

É assim uma operação “de larga escala” – fórmula empregue pela secretária-geral do Sistema de Segurança Interna – aquela que está desenhada para os próximos dois dias. E que começou a ser planeada em julho do ano passado.



“Os grandes eventos”, acentuou Helena Fazenda, “não são uma novidade no nosso país e existe um grau de capital de experiências e conhecimentos acumulados por parte das forças e serviços de segurança, o que permite encarar a operação em curso, em toda a sua dimensão, com toda a serenidade, tranquilidade e confiança”.

Já esta quinta-feira, em novo ponto de situação, Helena Fazenda adiantou que a operação de segurança decorre com “total normalidade”.

“Neste momento registamos que tudo, em todas as vertentes, está a decorrer conforme o planeado. Nas últimas 24 horas não houve incidentes a registar e as ações decorrem com total normalidade num quadro de total colaboração, articulação e coordenação entre todas as entidades envolvidas. Todos os mecanismos de cooperação interna e internacional estão a funcionar na sua plenitude”, afiançou.
Na quarta-feira, primeiro dia da reposição do controlo fronteiriço, a GNR deteve 13 pessoas e apreendeu seis armas e quatro veículos.
Uma das medidas enquadradas na Operação Fátima é a reposição do controlo de fronteiras, ao abrigo da qual uma dezena de cidadãos foram impedidos de entrar no país das 0h00 às 18h00 de quarta-feira.

O controlo documental, sistemático à entrada e aleatório à saída, foi decidido por causa da “dimensão, características, complexidade do evento, visibilidade mediática e enorme afluxo de pessoas a Fátima. E não é alheio ao “contexto atual de ameaça”.

De acordo com o SEF, foram definidos nove pontos de passagem autorizados no plano das fronteiras terrestres: Valença-Viana do Castelo, Vila Verde da Raia-Chaves, Quintanilha-Bragança, Vilar Formoso-Guarda, Termas de Monfortinho-Castelo Branco, Marvão-Portalegre, Caia-Elvas, Vila Verde de Ficalho-Beja e Vila Real de Santo António.



Na vigência deste regime de exceção, todos os cidadãos, independentemente da nacionalidade, que se desloquem para dentro ou fora de Portugal por aeroportos, aeródromos, portos, marinas ou via terrestre, rodoviária ou ferroviária, devem ser portadores de documento de viagem válido, designadamente cartão do cidadão ou passaporte, à passagem pelo controlo documental.

O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras vinca que a “tentativa de passagem de fronteira fora dos locais designados para o efeito não deve ser autorizada, excetuando-se casos de tráfego local que serão avaliados, caso a caso, pelas autoridades”.

Francisco é o quarto Papa a deslocar-se ao Santuário de Fátima, depois de Paulo VI, em 1967, João Paulo II, em 1982, 1991 e 2000, e Bento XVI, em 2010.

c/ Lusa
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