Serviço de cirurgia plástica no Hospital de São João vai ser alvo de inquérito

A direcção do Hospital de São João, no Porto, vai abrir um inquérito interno ao alegado favorecimento de funcionárias para realizar cirurgias estéticas, sobretudo reduções e aumentos mamários, naquela unidade.

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Para a direcção do hospital é "inaceitável" que os funciónário passem à frente dos restantes utentes RTP

A situação foi detectada pela Inspecção-Geral das Actividades de Saúde (IGAS) quando efectuava uma auditoria de gestão ao hospital. Algumas mulheres estavam “inscritas na lista de espera do serviço como doentes, outras eram chamadas para a cirurgia quando faltava um doente para outra operação”, noticiou o semanário “Sol”.

O director clínico do Hospital de São João garantiu que, segunda-feira, vai ser aberto um inquérito interno ao facto de, alegadamente, as funcionárias da unidade hospitalar passassem à frente dos outros utentes na lista de espera.

A IGAS “já abriu um processo de inquérito”, tendo realizado “esta semana” as primeiras diligências no São João, segundo o mesmo jornal. A Inspecção verificou um número considerado anormal de doentes a quem tinham sido feitas cirurgias mamárias. Posteriormente, fora identificadas várias funcionárias na lista de doentes.

A ministra da Saúde só comentará o caso quando o relatório de inquérito estiver concluído. “Se a Inspecção está a analisar, vamos aguardar o relatório e veremos o que há a fazer a seguir”, comentou Ana Jorge, que admitiu desconhecer a situação.

O director clínico do Hospital de São João garantiu que, segunda-feira, vai ser aberto um inquérito interno ao facto de, alegadamente, as funcionárias da unidade hospitalar passassem à frente dos outros utentes na lista de espera.

O hospital tem critérios rigorosos para a realização de cirurgias estéticas, garantiu António Oliveira Silva. Considera que “há um anátema em relação à cirurgia estética. Quando é retirado um seio a uma mulher, faz-se a construção de novo. Isto é estético”,

O mesmo responsável defende que a cirurgia estética deve realizar-se por razões clínicas ou para formação de futuros cirurgiões.

O director do serviço de Cirurgia Plástica do Hospital de São João considera natural que funcionárias da unidade hospitalar estejam "inscritos nas listas de cirurgias plástica como em qualquer outras lista".

Para José Amarante "estranho é dizer-se que há favorecimento, porque certamente não há. Hoje as listas de espera estão informatizadas. Qualquer desconformidade é detectada imediatamente em Lisboa e é-nos comunicado". Excepto uma lista de 80 doentes que aguardam por próteses mamárias há bastante tempo, o clínico garantiu desconhecer qualquer "desconformidade".

O Hospital de São João tem três mil funcionários e é a única unidade hospitalar no Norte com a valência de cirurgia plástica.
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