Serviços de atendimento vão ter ficha uniformizada em 2005

Todos os organismos públicos e privados do país que lidam com a violência doméstica vão ter no início do próximo ano uma ficha específica para registar os casos detectados, revelou a coordenadora da iniciativa.

Agência LUSA /

De acordo com Conceição Lavadinho, coordenadora do II Plano Nacional contra a Violência Doméstica, no âmbito do qual foi elaborado este documento, a ficha de atendimento normalizada "já tem todos os conteúdos definidos" e vai ser hoje apresentada publicamente em Santarém.

Segundo Conceição Lavadinho, esta ficha, contendo os dados das vítimas, vai começar a ser experimentada em Janeiro do próximo ano.

"Numa primeira fase apenas na sociedade civil, ou seja, em associações e Organizações Não Governamentais", numa segunda fase em todos os organismos públicos e privados do país que lidam com violência doméstica, que vão dispor ainda de um guião para saber como dar resposta a estes casos, afirmou.

A ficha de atendimento normalizada vai conter todos os dados sobre a família e deverá estar disponível em todos os serviços de atendimento à vítima: hospitais, centros de saúde e centros de atendimento da segurança social, da misericórdia, das autarquias e das associações que intervêm nesta área.

De acordo com Conceição Lavadinho, para garantir a qualidade do atendimento às vítimas é necessário que todos os organismos públicos e privados que lidam com a violência doméstica tenham procedimentos uniformizados e, idealmente, que trabalhem em rede.

Tendo em vista essa uniformização, está a ser elaborado também um "guião de atendimento à vítima", para que todos os profissionais que lidam com estes casos saibam "como deve ser dada a resposta à vítima", explicou a responsável.

Conceição Lavadinho adiantou que o objectivo é que todos estes serviços comecem a trabalhar em rede, para que a ficha de atendimento normalizada circule entre as várias entidades que atendem vítimas.

"Esta ficha e o respectivo circuito terão ainda como finalidade evitar que as vítimas se vejam obrigadas a repetir a sua situação sempre que recorram a um serviço, o que constitui uma das formas da chamada dupla vitimação", considerou.

"Assim, alguém que recorresse a uma associação de apoio à vítima, depois de já ter passado pelo centro de saúde, não teria que estar a repetir a mesma história: bastaria à associação consultar o sistema informático para ter acesso aos dados introduzidos pelo centro de saúde", exemplificou Conceição Lavadinho, explicando que "apenas todos os novos dados sobre determinada pessoa iriam sendo acrescentados".

A ficha de atendimento normalizada será apresentada hoje num dos painéis da Conferência "Estratégias de Mudança: O Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica", que decorre em Alpiarça, no âmbito de uma campanha promovida pela Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres sob o lema "Diga Não à Violência".

PUB