Sete feridos ainda internados após queda de árvore no Funchal

por Andreia Martins - RTP
A queda da árvore fez 13 mortos e 49 feridos. Sete continuam internados Foto: Homem de Gouveia - Lusa

Permanecem no Hospital do Funchal sete dos 49 feridos atingidos na terça-feira pela queda de uma árvore de grande porte no Funchal, na Madeira, que fez 13 vítimas mortais.

De acordo com a atualização dos dados fornecida pelo Hospital Dr. Nélio de Mendonça na manhã de quarta-feira, dos 16 doentes que permaneciam internados na terça-feira à noite, nove já tiveram alta. Mantém-se internados sete doentes, dos quais cinco adultos e duas crianças.

Miguel Reis, adjunto da direção clínica, esclareceu que os menores estão a ser acompanhados pelo serviço de pediatria. Uma das crianças tem dois anos, é de nacionalidade francesa e sofreu um traumatismo craniano e um traumatismo da face. Outra criança, com 14 anos, sofreu um traumatismo abdominal fechado.

Quanto aos adultos, o responsável esclarece que um dos doentes, de nacionalidade francesa, tem 51 anos e foi intervencionado pela especialidade de neurocirurgia, dois outros doentes foram intervencionados pelo serviço de ortopedia e outros dois doentes estão no serviço de observação de urgência com traumatismos torácicos.
Número de vítimas mantém-se
O responsável da direção clínica esclarece que o número de óbitos na sequência da queda da árvore se mantém. Oito das vítimas mortais são do sexo feminino, cinco são do sexo masculino.

As vítimas mortais tinham entre 28 e 59 anos, à exceção da criança de um ano que também morreu após a queda da árvore. Quanto às nacionalidades, há duas mulheres estrangeiras entre as vítimas mortais: uma francesa e uma húngara.

Os familiares das vítimas poderão dispor de apoio especializado nos centros de saúde das áreas de residência, esclareceu o responsável.

Miguel Reis adiantou ainda que deverão chegar à Madeira, ainda esta quarta-feira, quatro elementos do Instituto de Medicina Legal para ajudar à realização de autópsias, que deverão ficar concluídas até sexta-feira.

A queda de uma árvore no Largo da Fonte durante as cerimónias religiosas das festas da Senhora do Monte, na Madeira, pouco depois das 12h00, atingiu dezenas de pessoas que estavam naquele local para celebrar uma das principais festividades da ilha.
Árvore polémica
O Ministério Público anunciou na terça-feira a abertura de um inquérito à queda da árvore. Populares e moradores denunciaram que a árvore estava amarrada e que o tronco da árvore de grande porte já estava oco.

Segundo o presidente da Câmara do Funchal, Paulo Cafôfo, trata-se de um carvalho com cerca de 200 anos que caiu pela raíz. O autarca garantiu na terça-feira que a árvore estava "saudável" e não apresentava "qualquer anomalia", não tendo sido recebida qualquer queixa relativa à limpeza ou abate da árvore em causa.

No entanto, moradores e Junta de Freguesia contradizem estas informações. Segundo o Diário de Notícias Madeira, a árvore estava sinalizada desde 2014. Outra notícia local, do Funchal Notícias, dava conta da queda de um galho de um plátano no mesmo local da tragédia, em março último.

Na altura, um dos populares, António Mendonça, alertava mesmo para o caso de uma árvore "na iminência de cair" que foi "presa por dois cabos de aço que correm o risco de rebentar". O mesmo morador falou ontem à RTP sobre os avisos e queixas recorrentes entregues às autoridades.

Um dos testemunhos ouvidos entretanto pela imprensa local refere que foi o galho de um plátano a cair e a percipitar também a queda do carvalho centenário.

Miguel Albuquerque, presidente do Governo Regional da Madeira e antigo presidente da Câmara do Funchal, disse na terça-feira em conferência de imprensa que o tema é da "área da administração municipal" e que essa não é a questão prioritária no momento. Considerou as acusações normais, uma vez que se tratou de um episódio "emocionalmente uma grande carga".

Também o Presidente da República, que ontem voou para a Madeira, diz que este "é o tempo de dor e de olhar pelos que ficaram". As questões relacionadas com as responsabilidades terá "o seu momento".

"Agora estão a ser atendidos os feridos, a ser consoladas as famílias do que nos deixaram”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, que não quis comentar a intauração do inquérito pela Procuradoria-Geral da República.
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