Sindicato dos Jornalistas denuncia assédio laboral no grupo Global Media

O Sindicato dos Jornalistas fez uma participação à Inspetora-Geral do Trabalho a denunciar assédio laboral na Global Media. Em causa "ações e pressões" da comissão executiva do grupo que "criaram um clima de intimidação sobre os trabalhadores e os seus representantes".

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Foto: António Antunes - RTP

Em comunicado divulgado esta segunda-feira, a estrutura sindical adianta que a comissão executiva do Grupo Global Media (GMG) incorreu no “reiterado desrespeito (…) pelos trabalhadores”, o que se traduziu em “várias decisões tomadas ao arrepio da lei” ou “sem consulta aos representantes legais”.

Tal situação, adianta o sindicato, constitui “uma forma de pressão e intimidação”.

“A participação tem por base declarações e ações dos administradores, nomeadamente José Paulo Fafe e Paulo Lima de Carvalho, denunciando-se pressões dissimuladas e um conjunto de ataques ao exercício e à atividade sindical”, destaca o Sindicato dos Jornalistas.

Denuncia ainda “a tática de ação/reação” dos vários comunicados enviados pela administração durante plenários ou durante uma greve de dois dias.

Outro dos pontos apontados pelo Sindicato dos Jornalistas é o recurso às dificuldades de pagamento de salários como “arma de arremesso perante os outros acionistas”.

O não pagamento de salários foi um dos argumentos utilizados de forma “totalmente ilegítima” para “ripostar contra a decisão do governo de não adquirir a percentagem do grupo na Lusa ou como meio de pressão perante a ERC”.

Denuncia também a “tentativa dissimulada de fazer desistir os mais fragilizados entre os prestadores de serviços”.

Ao avançar com esta participação, o Sindicato dos Jornalistas espera que a ACT tome conhecimento da comissão executiva do grupo Global Media, que “fez dos trabalhadores um adversário, quando são estes que acrescentam valor e mantém a empresa a trabalhar, mesmo com salários ou subsídios em atraso”.

“Espera-se que a ACT tome as respetivas ações no sentido de punir um conjunto de atos, praticados de forma deliberada e consciente, com o objetivo e o efeito de perturbar e constranger os trabalhadores deste grupo, afetar a sua dignidade e que criar um ambiente intimidativo, hostil, degradante, humilhante e desestabilizador. Ou seja, a prática de assédio laboral”, aponta ainda a estrutura sindical.

Por fim, o Sindicato dos Jornalistas revela “esperança de que este tipo de situações não se repita”.

"Acreditamos que daqui pode sair um sinal evidente e incontornável de que vivemos num país democrático em que as instituições funcionam e são regidas por leis, iguais para todos", vinca o sindicato.

A crise na Global Media adensou-se ao longo dos últimos meses, com salários e subsídios em atraso e a abertura de um programa de rescisões com 150 a 200 trabalhadores. João Paulo Fafe, um dos administradores do grupo, admitiu há poucas semanas a possibilidade de despedimento coletivo caso a empresa não consiga atingir o número de rescisões que pretende.

Em dezembro, o Sindicato dos Jornalistas já tinha solicitado à ACT a “intervenção imediata” para “promover, controlar e fiscalizar o cumprimento das disposições legais, regulamentares e convencionais respeitantes às relações e condições de trabalho, bem como instaurar os procedimentos das contraordenações laborais”.
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